O anúncio foi feito por Sérgio Costa no final da reunião de Câmara desta segunda-feira, que justificou a decisão dizendo que «não pode despender der mais de 1,1 milhões de euros na Feira Ibérica de Turismo (FIT) sem que haja um financiamento musculado para a mesma».
Este não foi um assunto debatido durante a reunião, mas apenas divulgado aos jornalistas no briefing. Em 2019 a FIT custou aos cofres do município cerca de 750 mil euros este ano «os orçamentos que temos validados tecnicamente já ultrapassa 1,1 milhões de euros, começou por explicar o presidente da Câmara da Guarda, considerando que a cidade e o concelho têm outras necessidades, nomeadamente «quando temos uma avenida de São Miguel a necessitar com urgência de ser requalificada, quando temos o bairro do Bonfim no estado calamitoso que temos, quando temos necessidade de reabilitar as nossas infraestruturas desportivas, quando nós temos um aumento exponencial da inflação, um aumento brutal das despesas correntes com energia, com os combustíveis, com a alimentação para os nossos refeitórios, nós não podemos fazer uma feira com esta envergadura». O edil por considerar que esta é uma marca «que não estava registada e já está em nome do município» ainda ponderou fazer o evento noutros moldes, mas considera que «a Guarda não tem um espaço de grande dimensão e fechado para fazer a feira neste moldes».
No período da ordem do dia o primeiro ponto, apesar de votado por unanimidade, suscitou algumas preocupações principalmente pela bancada do Partido Socialista (PS). Luís Couto mostrou-se apreensivo com a ajuda da autarquia na aquisição de um armazém na aldeia dos Trinta para própria junta de freguesia no valor de 50 mil euros. «Isso preocupa, porque se todos começam a pedir como é que se resolve esta situação? Agora são duas ou três freguesias, quando forem 30 como é que se resolve este problema? Porque não há um critério, há apenas um critério de adjudicar para ajudar ao projeto. Vamos ver se estas aquisições todas não servem apenas para armazém das coisas da Junta de Freguesia», revela o vereador socialista. Já no Partido Social Democrata (PSD), «concordamos com essa aquisição e agora vamos ver se há arte e engenho para que exista concretização dessa visão empresarial ligada aos territórios de baixa densidade», ambiciona Carlos Chaves Monteiro. Vítor Amaral, vereador do PSD, deixou algumas sugestões, como por exemplo «apostar num pólo industrial, num pólo museológico industrial, tirando partido da centralidade dos Trinta em relação aos Passadiços do Mondego, que chega um tempo que esgotam a sua novidade e, portanto, há necessidade de criar novos ativos turísticos e culturais de promoção do território». Sérgio Costa pouco disse relativamente ao assunto apenas salientou que esta aquisição vai «de encontro à necessidade da possível fixação de pequenas e microempresas e a fixação de alguns postos de trabalho. É esse o caminho que nós temos vindo a fazer ao longo do nosso mandato». A base de licitação do edifício era de 57 mil euros.
Obras no Centro Escolar de S. Miguel não vão avançar
Quanto à revogação do contrato das obras do Centro Escolar de São Miguel orçamentada em 2,5 milhões de euros. O eleito pelo movimento independente Pela Guarda (PG) revela que «não havia financiamento garantido e nós nunca podemos avançar com uma obra desta envergadura», explicando que «lutamos até à exaustão para ver se haveria possibilidade desse financiamento. Questionamos a entidade competente sobre se existiria ou não a possibilidade de termos financiamento ao que nos foi respondido taxativamente que não no quadro 2020. Ora perante isto nós não podemos estar a fazer uma obra de 2,5 milhões de euros sem financiamento», justificou Sérgio Costa. Chaves Monteiro considera que este voltar atrás é mais uma vez prova «da incapacidade deste executivo em conseguir levar a bom porto projetos que foram lançados no passado recente, do qual o presidente esteve na génese do projeto como vereador». Quanto à questão de não existirem fundos comunitários o antigo presidente guardense diz que «é falso. Não pode é depois de estar assumido no âmbito do no âmbito do pacto da CIMBSE meio milhão de euros, estar a pedir mais um milhão sem ter gasto um euro desse meio milhão de euros. Para que a candidatura possa progredir e obter esses fundos comunitários é necessário a assinatura do contrato, o lançamento da obra e começar a fazer execução física da obra. A Câmara da Guarda deixou cair no relaxo este processo», reforçou o social-democrata. «Isto é um retrocesso enorme naquilo que é política de educação nos territórios de baixa densidade, consolida Carlos Chaves Monteiro. A proposta foi aprovada por maioria com votos a favor do PG e PS e votos contra do PSD.
A estrada da nossa Senhora da Alagoa, na freguesia de Pêra do Moço que liga a Guarda ao concelho de Pinhel vai ser reabilitada, pelo menos é essa a ambição de Sérgio Costa. « É uma requalificação muito importante, muito necessária, há dezenas e dezenas de anos que era aguardada e vamos assim, de encontro às pretensões não só da freguesia de Pêra do Moço, mas todas as freguesias daquela envolvente e também, naturalmente, as pessoas que se deslocam para a guarda diariamente para aqui trabalharem, mas que residem nas aldeias do Concelho de Pinhel». Esta obra custará cerca de 330 mil euros.
Outro ponto aprovado na reunião de Câmara desta segunda-feira foi a requalificação de quatro espaços de jogo e recreio infantil. Relembre-se que há cerca de um ano atrás, o município guardense «viu ser levantados autos de contraordenação por não ter os seus parques infantis recuperados» que podem ultrapassar os 100 mil euros. Os quatro parques infantis que sofrerão obras de melhoramento são o dos Castelos Velhos, da Estação, da Quinta do Pincho e da Rua do Rosmaninhal, na Sequeira.
Voto de louvor ao Governo chumbado
A proposta foi feita pelo vereador Luís Couto que considera que finalmente «alguém decidiu deitar mãos ao nosso Hotel Turismo. Esta decisão do Ministro da Economia e do Mar é uma decisão que tem um grande impacto na cidade da Guarda, na valorização do nosso património, da abertura de mais um espaço cativante para o turismo» e por « propusemos um voto de louvor ao Governo português por ter tomado esta decisão». Porém a proposta acabou por ser chumbada com votos contra do PSD e abstenção do PG, que justificou a votação dizendo que «pedimos para que fosse acrescentado também o trabalho que o município da Guarda fez, particularmente ao longo do último ano, de estreita parceria, de diálogo franco e aberto de braço dado com a tutela governamental da área do turismo para que pudéssemos chegar a bom porto. Não podemos branquear isso, porque de repente parece que há uns que são salvadores da pátria e os outros não fizeram nada aqui», porém o PS manteve o voto de louvor apenas ao Governo. A bancada do PSD considera que o que se passou no debate deste tema foi «uma tentativa de ver quem tem mais galões ou ver quem teve mais visibilidade na obtenção desta solução de entregar o Hotel Turismo e de o reabrir». Carlos Chaves Monteiro e Vítor Amaral não votaram contra por não estarem de acordo, porque «valorizo muito o que se fez, mas esse é o dever de quem exerce cargo público. Se por toda e qualquer situação fizermos louvores a quem exerce cargos públicos isso é criar de facto uma rotina que desqualifica a boa ação e também os bons projetos», considerou o antigo autarca guardense.
Carina Fernandes