Aos 50 anos, a Salchicharia Pirezas quer dar o salto para a exportação e apostar na modernização de um negócio que faz do saber tradicional na produção de enchidos a sua arte. A empresa familiar celebrou meio século no último sábado.
Fundada pelos irmãos Fernando e José Pina Fonseca a 8 de outubro de 1972, a empresa enfrenta agora novos desafios, preservando o “segredo” que esteve na génese deste negócio. «Era uma empresa familiar que fazia produtos de forma tradicional, seguindo a receita de quem bem sabia e o resultado era e é um bom produto», considera José Fonseca, de 55 anos, filho de Fernando Pina Fonseca, que deu continuidade ao negócio na localidade do Prado, freguesia de Maçaínhas, às portas da Guarda. «Houve uma segunda geração, eu e um primo, que era veterinário e tinha conhecimentos da área, tal como eu, e tentámos desenvolver mais o bem fazer e o bem produzir que herdámos. Tínhamos ideias novas e tentámos modernizar a firma, criando na nossa quinta uma raça de porcos própria para o enchido», lembra o gestor.
Contudo, o falecimento do primo devido a doença e a idade avançada dos fundadores deixou José Fonseca sozinho à frente do negócio. «A empresa tem 50 anos e eu 55, felizmente ou infelizmente não tinha continuidade porque os meus filhos não se interessaram e cheguei a um impasse: deixava acabar tudo ou encontrava forma de relançar a empresa», recorda. Foi o que aconteceu recentemente com a parceria estabelecida com o empresário Ricardo Costa, que injetou capital e ideias novas. «É uma pessoa dinâmica, ligada ao setor e com conhecimentos, além de ser mais novo do que eu. Essa ligação acrescentou mais-valia e formas diferentes de ver as coisas a uma empresa que já estava a ficar sem alternativas», assume José Fonseca, realçando que tem agora «outra motivação» para trabalhar.
A Salchicharia Pirezas dedica-se exclusivamente à transformação de carnes de porco, produzindo morcela – premiada com a medalha de ouro na última Feira Agrícola de Santarém, em junho –, chouriça, farinheiro, paio e bucho, também premiado, confecionados de forma tradicional. «Vamos tentar uma bucheira, uma chouriça de cozer cujo fabrico se está a perder na nossa zona», adianta, revelando que os enchidos «ainda são atados à mão». José Fonseca admite que trabalhar assim «não é fácil» num mercado onde a qualidade perde pontos para a quantidade. «Tem que haver um equilíbrio. É preciso produzir em quantidade para rentabilizar a empresa, mas com qualidade, coisa de que nunca vamos abdicar», garante o responsável.
Com uma boa notoriedade a nível local e nacional, a marca Salchicharia Pireza quer agora apostar no mercado internacional. «Estamos no interior, com todas as dificuldades, o mercado é pequeno, pelo que temos que estar abertos à exportação e não devemos ter medo porque confiamos no nosso produto», afirma José Fonseca. A empresa emprega quatro pessoas e vende para todo o país e também online, num site que está a ser remodelado. Produz anualmente cerca de 20 toneladas de enchidos, mas o objetivo é chegar às 50 toneladas: «Estamos cá para dar continuidade a esta firma por mais 50 anos», sublinha, realçando que o produto “Pireza” se destaca da concorrência devido «ao nosso clima seco, à altitude, depois ao amor com que se fazem as coisas e também qualidade da matéria prima. Não temos mais nenhum segredo», confessa.
A tradição ainda é o que era na Salchicharia Pirezas
Empresa familiar da Guarda celebrou 50 anos de atividade e quer agora apostar na internacionalização