O seminário GEDITEC – Geografia Económica e Dinâmicas Territoriais de Competitividade decorreu segunda-feira, no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), para divulgar um projeto que procura «trabalhar a localização empresarial, não apenas na atração das empresas, mas também com o que acontece enquanto estão no território», adiantou Sérgio Nunes.
Para o investigador, docente do Politécnico de Tomar e responsável por este trabalho, o que se pretende é desenvolver «o modelo de governança partilhado da atratividade empresarial que permita criar um conjunto de dinâmicas no território para que, mesmo quando uma empresa saia desse território, os seus efeitos não sejam completamente catastróficos». O objetivo é valorizar a localização empresarial, a proximidade, um território competitivo e atrativo, procurando contribuir para «enraizar as empresas no território a partir das experiências que falharam e de outras virtuosas que têm vindo a desenvolver-se noutros territórios», acrescentou o responsável. No distrito da Guarda o caso de estudo foi a fábrica da Delphi, que encerrou em 2010.
«Queremos aprender com as experiências que correram mal para saber o que podemos fazer a seguir para que as novas experiências não passem por esses problemas», declarou Sérgio Nunes a O INTERIOR. Perante este desafio ambiciona-se «mobilizar empresas, instituições de ensino superior, autarquias e restantes atores do território para a necessidade de se pensar estrategicamente os processos de localização empresarial», acrescentou o investigador. Para Carlos Chaves Monteiro, vice-presidente da Câmara da Guarda, uma das maiores potencialidades que a Guarda tem em aplicar este projeto é «a existência da interação» entre os poderes públicos e ensino superior. «O GEDITEC traduz um modelo em que este trabalho em rede é fundamental para resolver muitos dos problemas e preparar o futuro», considerou o autarca. Na sua opinião, também será necessário criar «os mecanismos de atração e conectividade» que fixam as empresas ao território. E para isso, «nada melhor do que falar com a comunidade científica para encontrarmos as melhores formas de ligar o território às empresas, às pessoas e criarmos a dinamização de um território com debilidades, que podem diminuir com a nossa ação», afirmou Chaves Monteiro.
Elisa Figueiredo e Helena Saraiva, docentes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG, foram as investigadoras responsáveis na Guarda e estudaram o caso da deslocalização da Delphi para Castelo Branco, tendo a Coficab como um caso de sucesso na região. Com base em entrevistas a testemunhos de ex-diretores e ex-trabalhadores da empresa de cablagens, além da consulta de bibliografia específica, as investigadoras concluíram que as causas do enraizamento da fábrica em Castelo Branco deveram-se «à proximidade a Lisboa, ao facto do maior cliente se encontrar naquela cidade, à atuação eficaz do poder local ao nível da tomada de decisões e à cedência de terreno para as instalações». Como contributos para um território mais competititvo e coeso, a fábrica de Castelo Branco «tinha um maior volume de negócio comparativamente à Delphi da Guarda porque os clientes e os projetos lucrativos, entre 2007 e 2010, foram transitando para a cidade albicastrense, daí os resultados serem superiores», sublinha Helena Saraiva.
O GEDITEC é constituído por um consórcio liderado pelo Instituto Politécnico de Tomar e do qual fazem parte o IPG e o Tagusvalley, o parque de ciência e tecnologia localizado em Abrantes.
A deslocalização da Delphi como caso de estudo
Competitividade, proximidade e atratividade são palavras-chave no trabalho da «localização empresarial» apresentado no IPG esta semana