Está revogada, a nível nacional, a imposição da quarentena a cidadãos portugueses que chegam do estrangeiro. A medida, que tinha sido decretada na semana passada pela delegada de saúde coordenadora da Unidade de Saúde Pública da ULS da Guarda para o distrito (ver última edição de O INTERIOR), vigorou apenas três dias antes de ser suspensa pela Direção-Geral da Saúde.
Ana Isabel Viseu sublinha que «nesta fase de mitigação da doença já não faz sentido a quarentena, que, a ser aplicada, nunca será de âmbito regional». Quem não gostou da decisão da tutela foi o presidente da Câmara de Pinhel, que já escreveu ao Presidente da República para interceder junto do primeiro-ministro e da ministra da Saúde para que seja ordenada, «com carácter de urgência», a quarentena obrigatória de 14 dias a todos os que regressem ao concelho vindos do estrangeiro ou de outros pontos do país. Rui Ventura justifica a medida dizendo que «esta é de facto uma das causas de contágio que tem vindo a verificar-se na região, sendo que o município de Pinhel não está imune a este problema, pelo que está a apelar insistentemente à melhor compreensão e colaboração de todos», refere o autarca na missiva. Contudo, o edil alerta que «a falta de uma determinação vinculativa» tem dificultado a «sensibilização das pessoas» feita pelos autarcas e pelas forças de segurança, que «não têm outros argumentos que não seja o apelo ao bom senso e à responsabilidade individual».
Rui Ventura considera que se está perante «um verdadeiro imperativo nacional» e que assiste, «impotente, ao crescimento de casos que tiveram origem na situação já identificada». O município de Pinhel declarou na sexta-feira o estado de alerta municipal, que reforça «a necessidade de emigrantes e pessoas residentes noutras zonas do país que pretendam regressar ao concelho efetuem nas suas habitações um isolamento profilático ou “quarentena”, com a duração de 14 dias a partir do dia da chegada». Também o presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) pede a «clarificação urgente» das medidas a aplicar aos emigrantes e aos cidadãos que regressam à região. «É preciso que a tutela tenha em atenção as efetivas necessidades que se vivem, nomeadamente em regiões de fronteira que estão a “levar” com a entrada de emigrantes e de pessoas que vêm de outros locais do país, onde se verificam casos graves de infeção, bem como dos motoristas de transportes internacionais», alertou Luís Tadeu.
O também autarca de Gouveia receia que se não forem tomadas medidas rapidamente, as consequências para a região «podem ser gravíssimas» por não haver «mecanismos de proteção nas atuações das autarquias e das autoridades policiais».