O fogo, que deflagrou durante a madrugada de 6 de agosto, no lugar do Garrocho, na Vila do Carvalho (Covilhã), queimou mais de 15 mil hectares e chegou a mobilizar quase 1.700 bombeiros apoiados por mais de 500 meios terrestres e 17 meios aéreos, até ser dominado às 23h36 do dia 12.
Nessa altura, já estava ativo um outro fogo, também no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), mas no concelho da Guarda, em que arderam quase mil hectares. No passado dia 15 três reativações na zona de Vale de Amoreira (Manteigas) obrigaram a um novo combate às chamas, numa altura em que o terreno estava em vigilância sobre eventuais reacendimentos. Foi dominado dois dias depois, mas pelo caminho arderam mais 10 mil hectares de mato e floresta, segundo estimativas do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS). Já na última quinta-feira um novo incêndio, na zona de Gouveia, que também pertence ao PNSE, queimou mais 500 hectares de floresta, tendo sido dominado no mesmo dia.
Ao todo, durante 14 dias, arderam mais de 26.600 hectares na Serra da Estrela, com mais de 24 mil a pertencerem ao mesmo incêndio que afetou cinco concelhos: Covilhã, Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.
Em termos de comparação, estes incêndios preenchem já uma área superior à soma dos concelhos de Lisboa, Porto, Amadora, Odivelas e Oeiras, que têm uma população conjunta de quase 1,3 milhões de pessoas.
Olhando a nível internacional, os fogos na Serra da Estrela equivalem a 3,7 por cento do território queimado em toda a Europa este ano. Antes da reativação do incêndio, o fogo na Serra da Estrela era já o maior fogo no país nos últimos quatro anos, ultrapassando os maiores de 2021 (seis mil hectares em Castro Marim), 2020 (cerca de 15 mil hectares em Proença a Nova) e 2019 (quando arderam nove mil hectares em Vila de Rei). É preciso recuar até 2018 para encontrar um incêndio de maiores dimensões, quando foram destruídos 27 mil hectares de floresta e mato em Monchique, no Algarve.
Atualmente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) contabiliza quase 94 mil hectares de área ardida desde janeiro, com os incêndios na Serra da Estrela a representarem mais de 25 por cento do total de território queimado este ano, num total de mais de 8 mil fogos. Em termos de danos, uma família ficou desalojada em Vale Formoso (Covilhã) e foram assistidas 77 pessoas durante os incêndios, tendo sido registados 24 feridos ligeiros e três graves. Segundo um balanço do Serviço de Emergência Copernicus (CEMS), mais de mil estruturas, entre habitações, outras propriedades e terrenos privados foram afetados pelo primeiro fogo da Serra da Estrela que esteve ativo durante seis dias. Destas, 104 foram destruídas e 399 ficaram danificadas, afetando 1.335 pessoas na área do incêndio, onde vivem cerca de 58 mil pessoas. O sistema calcula ainda danos graves em mais de cinco mil hectares de território e danos moderados em cerca de 17.500 hectares.