Região

IPG e UBI vão criar «plano de formação» direcionado ao trabalho no Geopark

Escrito por Sofia Craveiro

Joaquim Brigas, presidente da direção da Associação Geopark Estrela, afirma que a classificação Geopark «vem sublinhar o potencial que a região já tem», mas avisa que há «trabalho a desenvolver nos nove municípios envolvidos».

Segundo o também presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o reconhecimento poderá desempenhar um papel importante para a região «na medida em que irá criar necessidade de integrar trabalhadores qualificados» e também condições para «requalificar os quadros existentes». Por isso, o responsável adianta que o Politécnico irá propor uma nova formação profissional para guias turísticos, que será direcionada para a empregabilidade no Geopark. Este novo Curso Tecnológico de Formação Profissional estará integrado num «plano de formação» que está a ser ultimado pelo IPG e pela UBI.

Também o presidente da Câmara Municipal da Guarda considera que o reconhecimento do Geopark Estrela pela UNESCO «é um marco histórico» para o território e para turismo do interior. «Há uma marca importante em Portugal, que é a da Serra da Estrela e, desde logo, de todos os territórios que gravitam à sua volta que ganham agora mais notoriedade com esta chancela e certificado da UNESCO, que dá a garantia daquilo que é o respeito pelo ambiente, pela natureza e pelas atividades ancestrais que aqui foram desenvolvidas», afirma Carlos Chaves Monteiro, que acredita que esta confirmação será «um motor na atração turística» das Beiras e Serra da Estrela.

Estrela Geopark é «um grande orgulho», diz ministra da Coesão Territorial

O reconhecimento da Serra da Estrela como Geopark mundial da UNESCO é «uma grande alegria e um grande orgulho», afirma a ministra da Coesão Territorial.

Para Ana Abrunhosa, esta classificação «valoriza este território o seu património material e imaterial» e traz também responsabilidades porque «implica que se continue a valorizar e a proteger este património e que, a partir dele, se crie riqueza, postos de trabalho e desenvolvimento». A governante felicita o Instituto Politécnico da Guarda por ter feito esta aposta e ter congregado municípios, empresas e a UBI para a sua concretização. «O projeto do Estrela Geopark confirma a importância do trabalho conjunto em prol do território e da valorização dos recursos endógenos. Este é também reconhecimento da importância de acrescentar valor, através do conhecimento, da inovação e da criatividade, à tradição, à identidade e às nossas raízes», disse a ministra.

Classificação abrange áreas de nove municípios

O Geopark Estrela foi reconhecido como Geopark Mundial pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, na passada sexta-feira. A candidatura foi entregue em novembro de 2017e aprovada pelo Conselho Mundial de Geoparks em setembro de 2019, tendo sido ratificada pelo Conselho Executivo daquele organismo internacional.

A Serra da Estrela é assim o quinto Geopark de Portugal e inclui áreas dos municípios de Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia. São 2.216 quilómetros quadrados de «paisagem diversificada», com território urbano, rural e natural.

A UNESCO define um Geopark como «áreas geográficas únicas, de limites definidos, onde os locais e paisagens de interesse geológico internacional são geridos num conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável». É ainda incluída a noção de que «utiliza a herança geológica em conexão com a herança cultural» aumentando a consciência para a preservação e «dando à população local um sentimento de orgulho na região». A criação de empresas locais inovadoras, novos postos de trabalho e formações especializadas são também apontados pela UNESCO como pontos relevantes gerados pelo geoturismo destes locais.

No processo de candidatura foram inventariados geossítios como o Vale Glaciar do Zêzere, as Minas da Panasqueira ou a Lagoa Comprida, entre os mais de 90 locais e elementos únicos e diferenciadores da Serra da Estrela. Os grandes objetivos de dinamização do território estão relacionados com a investigação, educação e formação, pontos que se relacionam com o turismo geológico. Além da Serra da Estrela, a UNESCO aprovou também a designação de 15 novos Geoparques Globais na Europa, Ásia e América Latina. Em Portugal existem, além do Geopark Estrela, o Açores Global Geopark, o Arouca Global Geopark, o Naturtejo da Meseta Meridional Global Geopark e o Terras de Cava.

 

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Sofia Craveiro

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