A Guarda vai receber a próxima cimeira luso-espanhola, que está agendada para junho de 2019. A decisão foi anunciada no passado dia 21 pelo primeiro-ministro, António Costa, na conferência de imprensa final do encontro bilateral com o homólogo espanhol Pedro Sanchéz realizado em Valladolid (Espanha).
A escolha é «inteiramente justa face àquilo que a Guarda tem desenvolvido e afirmado e que eu próprio tenho reafirmado, como cidade que está equidistante entre Lisboa e Madrid», reagiu Álvaro Amaro. O presidente da Câmara, que revelou há quinze dias que tinha sugerido ao chefe do Governo português que a Cimeira de 2019 fosse realizada na Guarda, acrescentou que pelo seu posicionamento estratégico, a cidade mais alta tem que ser «um espaço do território português a valorizar na conquista do mercado ibérico». O edil lembrou que a Guarda organiza «o segundo maior certame ligado ao turismo em Portugal, a Feira Ibérica de Turismo, e tem fortes ligações com a Universidade de Salamanca através do Centro de Estudos Ibéricos». Álvaro Amaro acrescentou que realizar a Cimeira na Guarda é «ainda mais justa» porque será também «um reconhecimento do Estado Português a uma cidade, a uma região, que deu tanto ao país quando viu sair muitos dos seus filhos para outras paragens».
O edil considera que a Guarda «só pode estar satisfeita e agradecida ao primeiro-ministro de Portugal e ao Governo de Espanha, que terá acolhido a sugestão do Governo português, por ter compreendido as nossas razões para que a próxima cimeira ibérica seja na Guarda». Em Valladolid, onde decorreu a 30ª cimeira bilateral, Portugal e Espanha chegaram a acordo sobre políticas de desenvolvimento das regiões transfronteiriças despovoadas e envelhecidas para assegurar a sustentabilidade futura destes territórios, tornando-os «atrativos para viver, trabalhar e investir». Nesse sentido, os dois países definiram uma estratégia ibérica para desenvolver as zonas da raia. «Se queremos maior coesão territorial, temos que desenvolver as regiões de fronteira – que estão mais despovoadas e mais envelhecidas e têm menor dinâmica económica – e fazê-lo em comum», disse António Costa na conferência de imprensa conjunta com o Presidente do Governo espanhol, Pedro Sanchez.
Foi designado um grupo de trabalho para desenvolver «essa prioridade» nos próximos meses, o que «é um excelente sinal de que é um compromisso firme que vai ser concretizado», acrescentou o primeiro-ministro. Por sua vez, Pedr Sanchez destacou que ficou acordado «o desenvolvimento de uma estratégia ibérica para as questões do despovoamento, de envelhecimento, e assinámos um acordo que é importante». Além da reunião dos dois chefes de Governo, a cimeira incluiu encontros bilaterais entre os responsáveis dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos Europeus, da Administração Interna, da Economia, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, da Educação, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, do Planeamento e Infraestruturas, do Ambiente e Transição Energética, da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e da Valorização do Interior.
Entre as principais decisões esteve o desenvolvimento das interconexões energéticas, rodoviárias – nomeadamente o compromisso espanhol «de concretizar a ambicionada ligação entre Zamora e Bragança» –, e no domínio da água e da segurança. Portugal e Espanha anunciaram também que vão promover uma candidatura conjunta com Marrocos para a realização do Mundial de futebol de 2030.
Socialistas saúdam decisão
A concelhia da Guarda do PS saudou a decisão do Governo de realizar na Guarda a próxima cimeira luso-espanhola por considerar que mostra que «as políticas de valorização e promoção do interior são concretas e não um exercício de retórica».
Para Agostinho Gonçalves, líder da secção local, a cidade «continua no centro do vulcão de uma nova vaga de políticas que querem puxar pelos territórios do interior e que se devem ao Governo do PS», caso das obras nas linhas da Beira Baixa e Beira Alta, «que colocarão a Guarda no centro de um importante eixo ferroviário», e também da «solução» para o Hotel Turismo. «Cá estaremos para enaltecer as boas decisões, mas também para exigir mais e melhor, com base em trabalho atento e contínuo, sem alaridos ou falsas vitórias», acrescenta o dirigente em comunicado, a única declaração oficial das estruturas locais do partido.
O vereador Eduardo Brito foi outra voz socialista a comentar a decisão e fê-lo na sessão de Câmara da passada segunda-feira. «É um sinal político importante. A Guarda está à altura dessa responsabilidade e saberá tirar partido disso», disse o eleito. O tema levou Álvaro Amaro a criticar Pedro Fonseca por o presidente da Federação do PS ter tido um «comentário deselegante para com o executivo e para com o presidente da Câmara» no Facebook quando elogiou apenas o «empenho» do deputado Santinho Pacheco para que a cimeira fosse na Guarda.