Região

Futuro da Dura Automotive em risco com saída do maior cliente

Escrito por Luís Martins

Fim das encomendas da Boco, fornecedor da Mercedes, a 31 de agosto e vai resultar no despedimento de cerca de 50 pessoas e, na pior das hipóteses, no fecho da fábrica se não forem encontradas alternativas para manter a produção

A esperança já não mora na Dura Automotive. A empresa de componentes para automóveis sediada em Vila Cortês do Mondego, na Guarda, vai sofrer um rude golpe com a saída do seu «maior e melhor cliente» no final de agosto, o que poderá pôr em risco a continuidade da fábrica e se traduzirá no despedimento de 50 trabalhadores.
A má notícia foi comunicada aos cerca de 160 funcionários na passada sexta-feira num plenário promovido pela comissão de trabalhadores. «Fomos informados que o principal cliente, responsável por 50 por cento da faturação da empresa na Guarda, acaba a 31 de agosto. E se não houver alterações cerca de 40 a 50 pessoas irão para o desemprego nessa altura», disse um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, a O INTERIOR. «Perder este cliente será o fim da Dura na Guarda se a administração não encontrar alternativas de peso para manter a atual capacidade de produção», acrescenta a mesma fonte, que lamenta que esta situação não tenha sido comunicada aos funcionários pela administração. «Foi a comissão de trabalhadores que revelou o que se está a passar, os administradores não tiveram coragem de nos confrontar com a situação», refere o trabalhador.
Ao que O INTERIOR apurou, o cliente em causa é a Boco, um fornecedor da Mercedes, que foi adquirida recentemente por um grupo concorrente e que estará agora a eliminar fornecedores para assumir todas as encomendas. «O futuro da Dura não é nada animador e desta vez as pessoas já não acreditam que haja soluções e novas encomendas para evitar despedimentos ou mesmo o fecho da fábrica. Este desfecho nunca esteve tão perto como agora», receia o funcionário. A comissão de trabalhadores vai realizar na manhã de segunda-feira novo plenário para fazer o ponto da situação. Entretanto, esta quarta-feira a administração da empresa reuniu com o ainda vice-presidente da Câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro. Isto depois do assunto ter sido abordado na última reunião do executivo, realizada na segunda-feira. «A ser verdade que pode estar em causa o despedimento de trabalhadores devido à deslocalização do maior cliente da Dura, então isso deve preocupar a AICEP e o Ministério da Economia», disse Álvaro Amaro.
Segundo o autarca, esta reunião serviu para «analisar as razões da saída para recuperar a capacidade de atração», numa tarefa que deve mobilizar «todos, autarquia, Governo, empresa e trabalhadores, porque é preciso saber porque é que Portugal está a deixar de ser competitivo». Em novembro último, a Dura Automotive já tinha sido notícia pela não renovação de contratos e saídas por mútuo acordo de cerca de 40 trabalhadores, muito por culpa de uma redução da produção devido a um projeto que terminou. A empresa é uma das mais antigas a laborar na Guarda no setor dos componentes e acessórios para automóveis e está instalada desde a década de 90 do século passado nas instalações da antiga FEMSA, em Vila Cortês do Mondego.

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Luís Martins

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