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Freguesias apuram prejuízos causados pelos fogos e receiam pelo futuro

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Escrito por Carina Fernandes

O INTERIOR falou com presidentes das Juntas de algumas das aldeias mais afetadas pelos incêndios da semana passada

Uma semana depois dos incêndios que lavraram no Vale do Mondego e na zona sul do concelho da Guarda é tempo de apurar prejuízos e de começar a perspectivar o futuro e a planear reconstruir o que se perdeu. Uma tarefa que tem vindo a mobilizar os autarcas e populações de Aldeia Viçosa, Famalicão da Serra e Gonçalo, três das freguesias afetadas pelas chamas em meados deste mês.

O INTERIOR falou com os presidentes das Juntas de Freguesia para perceber os danos causados e as expetativas para os próximos tempos. Luís Prata, presidente da Junta de Aldeia Viçosa, lembra que a aldeia e a encosta sobranceira «viveu um verdadeiro inferno» e, apesar de ainda não estarem contabilizados todos os prejuízos, sabe-se que «a aldeia perdeu muito», nomeadamente «oliveiras, centenas de cerejeiras, castanheiros, pinheiros. Tivemos apicultores que ficaram sem as suas colmeias, tivemos casas que também arderam, uma delas tinha lá mobiliário, houve quintas que ficaram encurraladas pelas chamas e, portanto, vivemos o fim do mundo», garante. Já o cenário deixado pelo fogo na paisagem também começa a ter efeitos: «Começa-se a notar uma quebra no número de visitantes a Aldeia Viçosa, tudo consequência do incêndio de 13 de agosto», afirma, sublinhando que a praia fluvial, banhada pelo Mondego, «já está a funcionar normalmente»

Apesar de se «olhar para a serra e ver tudo negro», é altura de «nos reerguermos, voltar a plantar… Esperar que o Governo também possa ajudar as pessoas para que isto volte a ser o que era. É levantar a cabeça e trabalharmos porque de certeza que em breve estaremos reerguidos», acrescenta Luís Prata. Em Gonçalo, também no concelho da Guarda, a população teve de ser evacuada devido a um reacendimento no incêndio da Serra da Estrela na tarde do dia 15. António Esteves, presidente da Junta de Freguesia, olha agora para o futuro com algum receio. «Neste momento temos que reorganizar novamente o terreno e, sobretudo, temos que reflorestar. Temos que replantar tudo aquilo que foi perdido, essencialmente no meio da serra», aponta. «Felizmente, em Gonçalo tínhamos muita gente a viver na serra e que lhe dava um bocadinho de sustentabilidade, e perdeu-se tudo agora. O meu medo é que possa haver um abandono total da serra se não formos capazes de replantar as vinhas, oliveiras e castanheiros que estas pessoas perderam. Se isso acontecer, daqui a cinco anos, em vez de estarmos a viver um inferno, se calhar estaremos a viver um super inferno», avisa António Esteves.

Por sua vez, António Fontes, presidente da Junta de Famalicão da Serra, outra das aldeias afetadas pelo mesmo incêndio, valoriza o trabalho dos bombeiros e o facto de existir uma corporação na aldeia. «O que as pessoas me têm dito é que foi em boa hora que criámos os bombeiros em Famalicão e que em boa hora tivemos o apoio da Afocelca, dos bombeiros de Gonçalo, da Guarda e das corporações que vieram de todo o país para se juntarem a nós. Conseguimos que, ao menos, não entrasse na povoação porque de resto era impossível dominar as chamas houvesse os bombeiros que houvesse», recorda o autarca. Uma das preocupações que surge a António Fontes ao olhar para a encosta negra que domina Famalicão é que «daqui a dois ou três meses estamos no Inverno e se não houver um plano de contenção, bem executado, se vier uma chuva torrencial, como costumam vir trovoadas de vez em quando, estamos com graves problemas nas linhas de água. Poderá haver grandes enxurradas na nossa freguesia», teme o presidente da Junta de Famalicão da Serra.

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