De sexta-feira a domingo, o recinto do mercado municipal de Celorico da Beira foi palco da feira do queijo, que regressou ao formato presencial após dois anos de interrupção devido à pandemia.
É também um evento que acontece «pelo bem da economia local, dos produtores de queijo e a bem daquela que é a marca da nossa identidade, que é já tão antiga, ligada a estes resistentes que são os pastores e a estas guardiãs da montanha que são as queijeiras», sublinha Carlos Ascensão, presidente da Câmara de Celorico da Beira. E por esse mesmo motivo, e porque o setor da pecuária está a ser um dos mais afetados pela seca, o autarca considera que este regresso tem uma «importância acrescida». Na sessão de abertura da feira também esteve presente a Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, que fez questão de salientar a importância deste tipo de iniciativas ao afirmar que «estão de parabéns por sempre conseguirem mobilizar, associar e trazer para o mesmo espaço todos estes produtores a quem deixo uma palavra de estímulo e de agradecimento».
Quanto ao balanço do certame, Carlos Ascensão confessa que «tínhamos muitas expectativas, mas o que aconteceu superou-as e por isso o balanço é francamente positivo. Terá sido a feira com mais afluência dos últimos anos, daquilo que é a minha memória, com muitos visitantes, com muitas respostas em termos comerciais, pelo menos em termos de escoamento os produtores de queijo mostraram o seu agrado. Estes três dias foram francamente positivos». A animação musical também não faltou, sendo que no sábado foi «o dia que eu vi mais pessoas em Celorico da Beira num contexto deste género, onde, apesar de termos alargado o espaço da feira, ainda foi pequeno para acolher tanta gente», vinca o edil.
Apesar de ainda não existirem números concretos, o certame «correspondeu aquilo que nós pretendíamos, que era ajudar as pessoas e o comércio de Celorico», pois as unidades de alojamento e os restaurantes esgotaram. «Houve uma afluência extraordinária e obviamente que os nossos pastores e queijeiras tiveram uma grande ajuda nesta fase difícil que atravessam», consolidou Carlos Ascensão. Satisfeito com a participação esteve José Salvador: «Temos de representar o nosso concelho mostrando o melhor que produzimos. Estamos a fazer uma terça parte do queijo que devíamos produzir por causa da seca, mas temos o problema do escoamento, que não é muito, e dos preços, que, se subirmos um bocado, as pessoas já não compram. E se as pessoas não compram não realizamos dinheiro e as despesas estão certas», declarou a O INTERIOR o produtor do queijo da Quinta da Moita.
Na sua opinião, atualmente a grande dúvida é «se é melhor não fabricar, vender barato ou deitar fora», porque o queijo ainda se conserva algum tempo. O preço por quilo praticado ao longo do certame aumentou um euro face ao ano transato, tendo este valor sido acordado em reunião entre todos os produtores presentes na feira para não existir concorrência desleal.
Carina Fernandes
