A «mais intensa, emotiva, acalorada e militante» polémica de toda a história da arqueologia portuguesa é tema da exposição com que o Museu do Côa assinala os 20 anos da classificação do Vale do Côa como Património Mundial.
Inaugurada no sábado, a mostra, que fica patente até 19 de março, recorda as «pequenas e grandes histórias» da polémica do Côa, particularmente nos anos 1994 e 95, os protagonistas, a mobilização dos jovens e dos especialistas internacionais, as descobertas e a classificação pela UNESCO, tudo ilustrado por fotografias, entrevistas, reportagens televisivas e artigos de jornais. Comissariada pelo arqueológo António Martinho Baptista, a exposição “20 anos – Vale do Côa Património Mundial” foi inaugurada pela ministra da Cultura, que recordou a mobilização dos jovens em defesa da arte paleolítica do Côa. «Não nos podemos esquecer que na origem da salvaguarda deste património está um movimento cívico», afirmou a Graça Fonseca. «Há 20 anos cerca de 100 mil jovens chamaram a atenção dos poderes públicos e de especialistas nacionais e internacionais para o que aqui estava e que era preciso salvaguardar», acrescentou a governante, que não esquece o slogan “As gravuras não sabem nadar”.
«É um movimento que vale a pena recordar porque hoje vivemos na manifestação 4.0, fomos perdendo ao longo do tempo esta dinâmica de mobilização», disse também. Nesta sua primeira visita a Vila Nova de Foz Côa, Graça Fonseca garantiu que o apoio do Ministério da Cultura à Fundação Côa Parque vai prosseguir em 2019. «Pensamos que existem muito boas condições para que este património de todos nós se possa projetar para o futuro», afirmou, desafiando a Côa Parque a atrair novos públicos e cada vez mais jovens. «Temos que trabalhar com as escolas, as autarquias e as associações locais para que uma criança de 7 anos chegue a uma exposição como esta e leve daqui algo que não vai esquecer e que daqui a dez anos queira voltar», exemplificou. Para a ministra, os novos públicos são quem, «no futuro, vão garantir mais 20 anos de continuidade do Museu e do Parque Arqueológico do Vale do Côa».
Bruno Navarro, presidente da Côa Parque, lembrou que em 2018 se iniciou a «refundação da Fundação» com inúmeras atividades e exposições para que «a comunidade viesse até nós». Um dinamismo que vai prosseguir no próximo ano com uma exposição de Cruzeiro Seixas, uma parceria com a Fundação de Serralves e a criação da Rede Nacional de Arte Pré-Histórica, que deverá ser formalizada em janeiro. Por sua vez, Gustavo Duarte, presidente do município de Vila Nova de Foz Côa, reconheceu que os últimos dois anos foram «repletos de êxitos» e disse esperar do Ministério da Cultura «um carinho especial» pela Côa Parque e pela região. «A Fundação está com os horizontes bem definidos neste momento e esta atividade é sinal que Vila Nova de Foz Côa pode aspirar a ser um centro cultural do interior», considerou o edil.
A abertura da exposição foi antecedida do cine-concerto em 3D “Lovecraftland”, com música de Randolph Carter (alter ego de Paulo Furtado) e filmes, manipulação e filmagens ao vivo de Edgar Pêra. A Côa Parque aproveitou ainda para mostrar o novo site da instituição.
Côa Parque desafiada a atrair novos públicos
A ministra da Cultura esteve no Museu do Côa para garantir que o apoio da tutela vai manter-se em 2019 e desafiar os responsáveis da Fundação que gere também o Parque Arqueológico a atrair mais jovens.