A Diocese da Guarda já levantou as medidas cautelares impostas desde março ao padre de Figueira de Castelo Rodrigo suspeito de abuso sexual de menores após denúncia junto da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.
A decisão foi justificada numa nota publicada na semana passada no jornal “A Guarda”, órgão oficial da diocese, onde se lê que o Dicastério da Doutrina da Fé, da Cúria Romana, informou a instituição que, «depois de feitas as devidas investigações, podem ser levantadas as medidas cautelares então aplicadas». «Por razões cautelares, enquanto se desenrola o processo de investigação prévia, o sacerdote em causa fica temporariamente afastado das suas atividades pastorais, sem que isto possa ser entendido como uma assunção de culpa ou prejudique, de alguma forma, o direito à presunção de inocência», justificou na altura a instituição feira. A decisão – que contraria a posição inicial de D. Manuel Felício, para quem só deveria haver afastamento em caso de condenação judicial e não devido a suspeitas – aconteceu seis dias depois da entrega, a 3 de março, pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica dos dois nomes de alegados abusadores identificados na diocese guardense.
Um dos visados faleceu em 1980, pelo que «é de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências» de investigação. No entanto, o gabinete episcopal assume «o firme propósito de dar todo o apoio a qualquer vítima que pudermos identificar». O segundo nome era o de Vítor Lourenço, de 61 anos, e até então responsável por cinco paróquias do concelho figueirense. Sobre o sacerdote recaem suspeitas de abusos sexuais que terão acontecido há cerca de 30 anos e foram denunciados por um padre, agora com 42 anos, como O INTERIOR noticiou em março. Na altura, o suspeito era o responsável pela paróquia de Vila do Carvalho, no concelho da Covilhã. O denunciante tinha 12 anos e disse ter sido abusado a troco de poder entrar no seminário do Fundão, onde o suspeito era orientador espiritual.
O padre em causa já tinha sido alvo de uma denúncia anónima, deixada num envelope «sem remetente nem endereço» na Casa Episcopal da Guarda, onde constava o nome do acusado e as suas funções, revelou agora a Diocese no mesmo comunicado. O caso foi «comunicado pelo bispo ao Ministério Público» em setembro passado. Volvidos seis meses, D. Manuel terá solicitado à Comissão Independente mais informações sobre os factos imputados ao visado e os «novos dados» comunicados terão sido «os elementos necessários para fazer o processo canónico de investigação prévia, que enviaremos ao Dicastério da Doutrina da Fé e comunicaremos esta mesma informação complementar ao Ministério Público, sempre sob segredo de justiça», sublinha a Diocese guardense.