Região

Câmara do Fundão lança concurso para construção de Unidade de Medicina Nuclear

Escrito por Jornal O Interior

Empreitada tem um preço base de mais de 349 mil euros e será realizada no edifício do antigo hospital local

Já está a decorrer o concurso público para a construção da Unidade de Medicina Nuclear do Fundão, uma obra da responsabilidade do município e com um preço base de 349.875 euros, mais IVA.
O procedimento foi lançado em meados de outubro e destina-se a criar as condições para que este serviço possa funcionar no edifício do antigo hospital local, que faz parte do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira. Inexistente na região, a Unidade de Medicina Nuclear é fundamental para o diagnóstico e deteção de doenças oncológicas e cardiovasculares e evitará deslocações dos utentes a Coimbra, Lisboa ou Porto. A sua instalação na cidade da Cova da Beira resulta de uma parceria entre a autarquia, o CHUCB e a Misericórdia do Fundão. Neste acordo o município assume na íntegra os custos desta medida, cerca de 600 mil euros nas obras necessárias e na aquisição de equipamento. Por sua vez, o Centro Hospitalar vai assegurar os meios humanos e a manutenção da unidade através de uma parceria com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que disponibilizará médicos especialistas.
A escolha do Fundão foi revelada em abril de 2018 pelo então ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, na Assembleia da República. Na altura, o governante disse ver «com bons olhos a instalação desta unidade no Fundão em articulação técnica operacional e clínica com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra». Para o titular da pasta da Saúde, «ter polos de diferenciação tecnológica em Castelo Branco, Covilhã, Fundão e Guarda, em articulação estreita com o grande Centro Hospitalar de Coimbra, é um dos mecanismos que a Beira Interior pode ter para atrair novos profissionais, nomeadamente médicos». Apesar da Rede Nacional de Referenciação contemplar, desde 2011, uma unidade do género para o então Centro Hospitalar Cova da Beira, o projeto tardou em sair do papel. Em novembro de 2014, o presidente da autarquia, Paulo Fernandes, chegou a ameaçar entregar o cartão de militante do PSD caso o silêncio sobre o andamento do dossier se mantivesse.
Dois anos mais tarde o município lançou uma petição pública para reivindicar a instalação da Medicina Nuclear. Entre os argumentos invocados para exigir aquele serviço no Fundão estava o parecer positivo das Unidades Locais de Saúde da Guarda, Castelo Branco e Portalegre, bem como do CHUCB. Também o apoio dos 15 municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela foi outro fator arrolado. Pelo meio a Assembleia Municipal da Guarda de abril de 2016 aprovou, por unanimidade, uma proposta do deputado socialista Matias Coelho que defendia a instalação na cidade das novas unidades de Medicina Nuclear e de Radioterapia para servir os distritos da Guarda, Castelo Branco e Viseu. «O distrito tem sido sistematicamente discriminado em termos de investimento público, nomeadamente na área da saúde, relativamente aos distritos vizinhos», justificou o eleito, não sem antes lembrar que a Guarda cumpria um «requisito importante», o de estar «a menos de uma hora de viagem» de Viseu, Covilhã e Castelo Branco.
A proposta foi enviada ao primeiro-ministro, ao presidente e grupos parlamentares da Assembleia da República, ao ministro da Saúde e à comissão parlamentar de Saúde. Mas não surtiu efeito: a Unidade de Radioterapia ficou em Viseu e a Medicina Nuclear rumou ao Fundão.

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