A Câmara da Guarda ainda não obteve financiamento para os Passadiços do Mondego, mas já conseguiu assegurar uma comparticipação de 500 mil euros no âmbito do PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano). A verba foi obtida graças à reestruturação de uma candidatura para melhorar a eficiência energética das piscinas municipais.
«É um montante que conseguimos transferir para o eixo do Património Natural do PEDU, mas ainda falta muito dinheiro porque o valor total do investimento andará nos 4 milhões de euros», disse Carlos Chaves Monteiro a O INTERIOR. Segundo o presidente do município, a autarquia continua em contactos com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, para candidatar o projeto que está a nascer no Vale do Mondego ao programa Valorizar. «Ainda não foi possível encontrar um eixo em que possa ser candidatado e obter financiamento que permita reduzir o recurso a fundos próprios da Câmara», confirma o edil, que recorda estarem já contratualizados cerca de 3 milhões de euros de obra. A esse montante haverá que somar mais cerca de um milhão de euros em estruturas complementares dos Passadiços, como sanitários, zonas de estacionamento, estruturas de apoio, localização dos vigilantes e instalação de equipamento informático.
«Estamos a corrigir esses projetos na sequência dos pareceres negativos que obtivemos por causa, nomeadamente, de pormenores de pavimentação em pleno Parque Natural da Serra da Estrela e outros. Mas vamos encontrar soluções alternativas, muitas delas mais baratas. Ainda assim haverá um custo acrescido que andará à volta de um milhão de euros», declara Chaves Monteiro. Apesar do custo total da obra e de não haver ainda financiamento assegurado, o presidente do município sublinha que os Passadiços do Mondego serão «uma fonte de progresso e desenvolvimento» para aquela área do concelho e para a cidade mais alta. Para isso, conta com o envolvimento das Juntas de Freguesia e coletividades da zona: «É preciso que sejam nossos parceiros na promoção de outras dinâmicas de restauração e gastronomia, mas também na divulgação do património histórico e cultural que existe neste território e que é preciso alinhar com aquilo que está a ser feito, pois os passadiços são uma mera estrutura de atração de pessoas que é preciso enriquecer com a dinâmica das associações. Nós precisamos deles para enriquecer e complementar o projeto», afirma Chaves Monteiro.
Os Passadiços do Mondego desenvolvem-se nas margens daquele rio em estruturas de madeira ao longo de um percurso com cerca de 11,5 quilómetros, entre a aldeia de Videmonte e a barragem do Caldeirão, passando pelas localidades de Trinta e Vila Soeiro. O percurso integrará travessias de pontes pedonais e duas pontes suspensas. zonas de ‘slide’ e zonas culturais e aproveitará grande parte dos caminhos já existentes. A obra arrancou oficialmente no último Dia da Cidade, a 27 de novembro de 2019, e tinha um prazo inicial de execução de ano e meio a dois anos. Embora estivesse previsto que a obra dos Passadiços só fosse iniciada em 2020, a obtenção do visto do Tribunal de Contas em outubro desse ano permitiu antecipar os trabalhos. O projeto é da autoria de Fernando Domingues, um dos autores dos Passadiços do Paiva, em Arouca, e gerente da empresa “Trimétrica Engenharia”, e inspira-se nos trilhos da pastorícia e nas fábricas de lanifícios que foram abandonadas ao longo do curso do Mondego.