Região

Aumento sem precedentes dos combustíveis já faz mossa nas empresas

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Escrito por Efigénia Marques

Transportadora “Just in Time” antecipa dificuldades com novo aumento

O maior aumento de sempre dos combustíveis já está a ser sentido por empresas da região, como é caso da “Just in Time”. A empresa de transportes que está agora sediada na Plataforma Logística (PLIE), depois de um investimento de 2,5 milhões de euros, emprega 91 trabalhadores e conta com uma frota de 75 camiões que percorrem a Europa, principalmente para países como a República Checa, Alemanha e Polónia.
A subida sem precedentes dos combustíveis já teve reflexos no ano passado, quando a empresa teve de rever os preços cobrados aos clientes, o que levou a Volkswagen a terminar a parceria com a transportadora guardense. «Mas ainda trabalhamos com outras marcas de automóveis, como a Renault e a Ford. Há uns anos chegámos a ter uma parceria muito interessante com a Opel», refere Miguel Saraiva, CEO da “Just in Time”. Com preços a rondar os dois euros por litro no gasóleo, o empresário já reuniu com um membro da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ATRAN) para «tentar saber o que podemos esperar, porque é difícil passarmos estes custos para os clientes».
Neste cenário, o receio de não conseguir suportar as despesas aumenta, pelo que o CEO da transportadora diz ser necessário sensibilizar os clientes para essa subida dos combustíveis. «Temos de nos mobilizar e sensibilizar os clientes no sentido de aumentar os preços para continuarmos no mercado. Não podemos estar com os camiões parados e assumir o vencimento de todos os colaboradores», lamenta. Miguel Saraiva lembra que o setor dos transportes tem «um peso importante para a economia, porque os transportadores trabalham em sistema de cabotagem (entre portos marítimos) e isso é uma mais-valia para a economia. Assim sendo, o Estado deveria rever algumas questões, pois temos uma concorrência muito forte dos países de Leste, que têm custos de mão-de-obra mais em conta e isso é mais um obstáculo para ultrapassar para estar no mercado».
A empresa que trabalha essencialmente com a indústria automóvel pretende alargar horizontes e explorar novos mercados, uma vez que a pandemia afetou este setor devido à falta de certos componentes, como os semicondutores. Já a mudança da empresa para a PLIE teve um custo «muito elevado» e Miguel Saraiva não tem dúvidas: «Sabendo o que sei hoje, teria muito mais paz de espírito estar onde estava antigamente sem ter de passar por estas dificuldades», garante. Fruto das circunstâncias, o CEO admite que o investimento «não foi realizado na melhor altura do mercado, a pandemia apanhou-nos de surpresa e quer se queira, quer não, os transportes nunca são abrangidos por qualquer tipo de ajudas ou apoios comunitários. Todo o investimento aqui feito é suportado por dinheiros próprios, sem ajudas exteriores», sublinha o empresário. Contudo, Miguel Saraiva mostra-se esperançoso, pois «quando começamos a pensar no setor dos transportes pesados, aconteceu a crise de 2008 e conseguimos ultrapassar. Neste momento estamos a fazer tudo por tudo e quero pensar que também vamos ultrapassar esta», acredita.

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Efigénia Marques

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