Região

12 mil passageiros já usaram comboio entre a Guarda e a Covilhã

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Escrito por Efigénia Marques

Segurança, comodidade e flexibilidade de horários são os principais motivos que levam os cidadãos a optar pelo uso do comboio como meio de transporte no último troço da Linha da Beira Baixa, reaberto no início de maio deste ano

«Senhores passageiros, o comboio regional CP com destino à Covilhã e partida às 11 horas e 59 minutos sairá na linha número três. Efetuará paragens em todas as estações e apeadeiros». É assim que se inicia a viagem com partida na Guarda em direção à “cidade neve”. Encerrado durante 12 anos, o último torço da Linha da Beira Baixa reabriu há seis meses e, segundo dados fornecidos pela Comboios de Portugal (CP), desde então já foram transportados mais de 12 mil passageiros, a uma média de cerca de 81 por dia.
O INTERIOR acompanhou duas viagens regionais para tentar conhecer quem são os principais utilizadores do comboio entre as duas principais cidades da região e quais os motivos da escolha deste meio de transporte. Na saída da Guarda rumo à Covilhã apenas seguia a equipa de O INTERIOR e mais três passageiros. Só na estação de Belmonte/Manteigas entraram os primeiros utilizadores, que, por acaso, eram alunos do primeiro ciclo do Agrupamento de Escolas Pedro Álvares Cabral e tinham como destino a Covilhã para uma iniciativa que assinalaria o Dia Mundial do Cinema. Anabela Afonso era uma das professoras responsáveis que acompanhava as crianças na viagem e revelou que quando disse aos alunos que iriam de comboio «ficaram em êxtase e isso vê-se pela reação que estão a ter. Realmente estão muito felizes».
A belmontense considera que a reabertura da linha da Beira Baixa foi uma mais-valia, mais não seja porque é «mais um transporte público em alternativa ao veículo próprio». Luís D’Elvas, coordenador do CLDS 4G de Belmonte e parceiro do Centro Escolar de Belmonte na iniciativa, justifica a escolha do comboio como sendo o futuro. «Para que todos possamos ter um ambiente a condizer com as expectativas de viver melhor e de manter o nosso planeta são, o comboio tem de fazer parte dessa estratégia. Nós necessitamos do comboio para a nossa vida e no interior também. Ainda não está completamente assimilado, mas temos de fazer o esforço no nosso dia a dia para que este meio de transporte seja cada vez mais uma realidade», considera. E por isso mesmo Luís D’Elvas sublinha que «é muito importante que tenhamos comboio e que tenhamos comboio para hoje e para o futuro».
No apeadeiro de Caria entrou Matilde Gaiola. Estudante de Medicina na Universidade da Beira Interior (UBI), a jovem admite que é muito raro usufruir do comboio, usando-o apenas como meio secundário, como foi o caso na passada sexta-feira. A futura médica adianta que é assim dada a «pouca oferta de horários e também porque, depois para me deslocar na cidade, também não é flexível», pelo que acaba por «compensar o carro». No entanto, defende que, para quem não tenha veículo próprio, o comboio e consequentemente a reabertura do troço Guarda/Covilhã «foi uma mais valia».
A viagem de regresso para a cidade mais alta, também num regional, já teve mais passageiros. A maioria eram estudantes da UBI, como Mariana Rodrigues, Bárbara Pinto e Ema Ribeiro. Três amigas que se dirigia para a Guarda depois de uma semana de aulas. Todas optam pelo comboio porque «apesar de existirem mais autocarros, por serem de meia em meia hora e o comboio ser de hora em hora, mais ao menos, este meio acaba por ser mais confortável, mais rápido e mais barato», argumentam. Já Rosa Meneses, natural de Caria, é uma utilizadora assídua. O motivo é essencialmente para consultas no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, na Covilhã, e «outras vezes para lazer», explica a O INTERIOR. Antes da reabertura deste troço, a reformada optava pelo autocarro, mas mudou de opção pelo facto «de morar perto» do apeadeiro e de só ter autocarro às 7 horas da manhã e depois às 17h30.
A CP realiza, por dia, seis comboios Intercidades (três em cada sentido) e seis comboios regionais (três em cada sentido). De acordo com dados oficiais, a maioria dos clientes que viaja, com origem e destino neste troço, realiza as suas deslocações entre a Covilhã e a Guarda (57 por cento do total), seguindo-se o percurso Guarda-Belmonte/Manteigas (17 por cento do total). Nas duas viagens feitas por O INTERIOR não houve passageiros a entrar ou a sair nos apeadeiros de Barracão, Benespera e Maçainhas. A viagem demora cerca de 40 minutos e os preços variam entre os 3,40 euros e os 4,50 euros.

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Efigénia Marques

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