Qual o costume que existe em Portugal no Dia de Todos os Santos?
Em Portugal, o Dia de Todos os Santos celebra-se a 1 de novembro, à semelhança do que acontece noutros países ocidentais. Existem várias tradições associadas a este feriado religioso (algumas das quais se encontram praticamente extintas), mas a principal envolve visitar e renovar as campas de entes queridos no cemitério. Os portugueses aproveitam também para recordar os familiares que já partiram, homenageando-os com flores. As flores são uma parte tão importante deste feriado especial que algumas lojas online disponibilizam arranjos florais especialmente dedicados a Todos os Santos.
O Dia de Todos os Santos é uma tradição portuguesa que mudou ao longo dos anos, mas que nunca perdeu o seu papel relevante. No entanto, nem todos—e as gerações mais jovens em particular—entendem o seu significado.
Assim, qual é a origem? Quais são as melhores flores para oferecer no Dia de Todos os Santos? E que outras tradições estão associadas a este feriado religioso em Portugal? Temos tudo o que precisa saber neste artigo.
A história do Dia de Todos os Santos
De certa maneira, o Dia de Todos os Santos é a data que assinala o momento histórico em que o catolicismo substituiu o politeísmo romano como principal instituição religiosa. Foi a 13 de maio do ano 610 (embora algumas fontes acreditem que tal tenha sucedido no ano 609), quando o Papa Bonifácio IV dedicou o antigo templo pagão do Panteão a todos os deuses e mártires católicos.
Desde então, o Dia de Todos os Santos tornou-se numa data especial que celebra todos os santos da religião católica, incluindo os mártires e santos que ainda não nasceram. É, assim, uma celebração generalizada dos valores do catolicismo.
Ao longo dos anos, contudo, o Dia de Todos os Santos foi “fundido” com o feriado de origem pagã do Dia dos Defuntos, celebrado a 2 de novembro. Para que o costume de homenagear os entes queridos que já faleceram no Dia dos Defuntos adquirisse um cariz católico, a Igreja decidiu passar o Dia de Todos os Santos de 13 de maio para 1 de novembro.
Foi assim que o Dia de Todos os Santos se transformou não só num feriado de origem católica, mas também num dia especial para relembrar e homenagear todos aqueles que já não se encontram entre nós. Por este motivo, é possível dizer que o Dia de Todos os Santos é importante independentemente da religião, encontrando-se ativo em praticamente todos os países da Europa.
As melhores flores para o Dia de Todos os Santos
Atualmente, celebrar o Dia de Todos os Santos sem flores é praticamente impensável. As flores encontram-se no centro desta tradição portuguesa, e todos aqueles que participam do Dia de Todos os Santos têm como costume decorar as campas de entes queridos com arranjos florais. Mas qualquer flor serve? Ou será que há algumas flores mais apropriadas que outras?
Tradicionalmente, estas são as flores mais utilizadas pelos portugueses no Dia de Todos os Santos:
Flor de crisântemo
Provavelmente a escolha mais popular para o Dia de Todos os Santos. Flor de crisântemo é uma flor que simboliza alegria, fidelidade, e otimismo, valores que encaixam na perfeição no Dia de Todos os Santos. A simbologia do crisântemo varia conforme a cor, mas os crisântemos mais apropriados para decorar campas de familiares são os brancos, que representam conceitos como verdade e lealdade.
Orquídea
Orquídea é outra flor muito apreciada pelos portugueses no Dia de Todos os Santos, até porque—tal como a flor de crisântemo—adquire um novo valor simbólico consoante a cor. Para um feriado religioso, as orquídeas brancas, roxas, e verdes são as mais apropriadas. As orquídeas brancas representam pureza e reverência, as roxas são tradicionalidademente oferecidas como um sinal de respeito, e as verdes simbolizam boa sorte.
Gipsófilas
Um pouco menos comuns mas igualmente belas, as gipsófilas são outra das flores tradicionais do Dia de Todos os Santos. Nativas do continente europeu, estas flores representam ternura e inocência, mas são essencialmente visualmente apelativas e fáceis de manter. Ideais para cemitérios, as gipsófilas conseguem sobreviver durante os meses mais frios do ano e adoram exposição solar.
Outras tradições portuguesas do Dia de Todos os Santos
Para além da caraterística deslocação das famílias aos cemitérios, costumava celebrar-se no Dia de Todos os Santos a tradição do Pão por Deus. De cariz solidário, esta tradição confunde-se com a do Halloween e tem desaparecido, ainda que por bons motivos.
O Pão por Deus data do tempo em que Portugal era um país miserável onde a maioria da população vivia em pobreza extrema. No Dia de Todos os Santos, as crianças batiam à porta dos cidadãos mais abastados e recebiam ofertas como dinheiro, fruta, doces, ou pão de milho. Muitas vezes, famílias inteiras eram convidadas para se sentar à mesa e recebiam comida e bebida daqueles que podiam partilhar a sua riqueza.
Com a industrialização do país e aumento das condições de vida dos portugueses, a tradição do Pão por Deus encontra-se praticamente extinta em Portugal.