O momento era de convívio, mas não caiu bem nas hostes sociais-democratas da Guarda a presença de Sérgio Costa, presidente da Câmara, na festa da castanha de Sernancelhe ao lado de Luís Montenegro, líder do PSD; de Álvaro Amaro, eurodeputado e ex-autarca da cidade mais alta, e de Carlos Condesso, presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo e da Distrital do PSD da Guarda.
O encontro aconteceu a 31 de outubro e está a causar alguma celeuma, tanto mais que a dissidência de Sérgio Costa, ex-dirigente concelhio, “custou” a Câmara da Guarda ao partido nas últimas autárquicas e continua, por isso, bem viva no PSD local. A festa teve lugar no sábado num concelho onde os sociais-democratas venceram de forma esmagadora graças a Carlos Silva. Tal como em anos anteriores, o edil reuniu autarcas, maioritariamente do PSD, alguns socialistas e independentes, caso do guardense e do congénere de São João da Pesqueira, bem como líder do partido. Ora foi a presença de Luís Montenegro, que inaugurou a feira, e de Sérgio Costa – que discursou – que mais chamou a atenção de militantes e dirigentes do PSD na Guarda.
Encontro ocasional ou premeditado só os protagonistas saberão, mas por cá há quem faça questão de lembrar que «em política, o que parece é». E o que os sociais-democratas guardenses receiam é que esse tenha sido «o primeiro passo» para a reaproximação do PSD a Sérgio Costa, que se desfiliou em maio de 2021. Contactado por O INTERIOR, Carlos Condesso diz que este é um «não assunto» porque em Sernancelhe estiveram «dezenas de autarcas e a responsabilidade dos convites foi do presidente da Câmara. Desta vez foram estes convidados, em anos anteriores foram outros, o presidente de Sernancelhe convidou quem quis». O líder distrital do PSD desvaloriza a coincidência e garante não ter ficado incomodado com a situação. «Estavam dezenas de autarcas em palco», reitera.
«A Guarda tem coisas mais importantes para debater e discutir do que eventos de outros municípios», acrescenta, sublinhando que «não houve, em momento nenhum, qualquer tipo de reconciliação». «E se fosse António Costa a inaugurar a feira?», contrapõe Carlos Condesso, garantido que a distrital «não tem arcas empoeiradas». João Prata, histórico dirigente do partido e atual deputado na Assembleia da República, escusou-se a comentar o caso. «Essa história não me diz respeito», afirma o também presidente da maior Junta de Freguesia do distrito, a da Guarda. Pelo mesmo diapasão “afina” Júlio Santos. O presidente da concelhia social-democrata diz que em Sernancelhe houve apenas «um mero encontro, em que o presidente da Câmara convidou, e bem, o presidente do partido e outros autarcas do interior». Por isso, a situação «não tem grande significado» político, embora reconheça que «pode haver quem tente fazer essa ligação, de reconciliação, mas não», considera.
No entanto, Júlio Santos também lembra que «em política, o que parece é» e confirma haver «alguma celeuma interna na concelhia, mas nada mais». E é taxativo: «Não há nenhum indicador de que se vá pela reaproximação do PSD a Sérgio Costa», sublinha. O INTERIOR tentou falar com Sérgio Costa, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.
PSD da Guarda em polvorosa com encontro de Sérgio Costa com Luís Montenegro
Presidente da Câmara, que se demitiu do PSD para concorrer como independente, e líder nacional do partido partilharam o palco da festa da castanha de Sernancelhe e já há quem faça questão de lembrar que «em política, o que parece é»