Os socialistas guardenses esperavam fazer a festa no domingo, mas a noite eleitoral acabou por não correr como esperado. Na Guarda, o PS perdeu as legislativas para a AD por uma diferença de 1.900 votos e não elegeu o segundo deputado, como acontecia nas últimas décadas neste círculo, que deixou “fugir” para o Chega.
Nas eleições de há dois anos o PS obteve 34.685 votos no distrito da Guarda e desta vez ficou-se pelos 27.133, menos 7.552 votos. Em termos percentuais, é uma queda acentuada de 45,10 para 31,88 por cento. Para Ana Mendes Godinho, a cabeça de lista e única deputada socialista eleita pelo círculo guardense, «o resultado ficou aquém do pretendido», vendo os números do Chega no distrito como um «voto de insatisfação das pessoas, que querem que haja capacidade de resposta às diferentes necessidades». Para a ainda ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, «é evidente que foi a votação que o Chega teve no distrito que levou à diferença dos votos face a 2022, e todos temos de perceber as causas destes votos».
Também Alexandre Lote, presidente da Federação da Guarda do PS, se mostrou desiludido com o desfecho da noite eleitoral. «O resultado está abaixo daquilo que eram as nossas expetativas, mas, por outro lado, também diz muito da qualidade da nossa cabeça de lista, uma vez que temos o quinto melhor resultado do PS no país», realçou o líder distrital. Já a perda de um deputado na Guarda é «consequência dos votos de protesto no Chega», justificou Alexandre Lote, segundo o qual é agora necessário ter a «capacidade de interpretar as motivações dessas pessoas para conseguir dar resposta».
Eleito em 2022, António Monteirinho, líder da concelhia socialista da Guarda e segundo da lista do PS, perdeu o lugar no Parlamento. «É preciso olhar para os números friamente e temos de aceitar o resultado: um deputado para o PS, um para a AD e um para o Chega», declarou. Contudo, numa análise aos números conseguidos na sede do distrito, o dirigente socialista consegue ver um «resultado animador, uma vez que a Aliança Democrática ganhou por 130 votos em relação ao PS». Há dois anos os socialistas venceram em onze dos catorze concelhos do distrito da Guarda e no domingo foram o partido mais votado em apenas cinco – Manteigas, Vila Nova de Foz Côa, Fornos de Algodres, Seia e Gouveia.
Ao contrário de eleições anteriores, o partido trocou a sede – onde apenas se manteve Ernesto Gonçalves, funcionário do partido – por um bar da Guarda, onde apoiantes, militantes e candidatos acompanharam os resultados da noite eleitoral do passado domingo. Defraudadas as expetativas de uma vitória, o ambiente foi esmorecendo ao longo da noite, a tal ponto que os jornalistas que estavam no local para recolher depoimentos e reações foram convidados a sair para só regressarem para as declarações finais.
Sofia Pereira
