O Chega fez história no distrito da Guarda ao acabar com o bipartidarismo eleitoral deste círculo e eleger um deputado para a Assembleia da República. Já não acontecia desde os anos 80 do século passado, quando o CDS ainda ombreava com PSD e PS.
Mais de 20 anos depois, Nuno Simões de Melo acabou por ser um dos protagonistas da noite de domingo ao “roubar” um mandato ao PS – o partido que elegeu dois dos três deputados nas últimas eleições – e ser eleito com 15.821 votos (18,59 por cento). Nestas legislativas o Chega consolidou-se como a terceira força política no país, obtendo uma votação que ultrapassou os 1,1 milhões de eleitores, mas também na Guarda onde repetiu a proeza. A votação mais baixa do partido de André Ventura registou-se em Gouveia (16 por cento) e a mais alta verificou-se no Sabugal (23,5 por cento). O ambiente era, por isso, de festa na sede do Chega, que escolheu uma unidade hoteleira da cidade mais alta para a noite eleitoral. Candidatos e apoiantes viveram «um misto de ansiedade e felicidade» à medida que iam chegando os resultados de cada concelho.
A meio da noite, confirmada a eleição do cabeça de lista na Guarda, houve «explosão de alegria», realçou Nuno Simões de Melo. «Esta é a primeira vez que não existe bipartidarismo aqui no círculo eleitoral da Guarda, o que é relevante e só tenho é que dar os parabéns a todos os que acreditaram neste projeto e neste partido», declarou a O INTERIOR. O candidato do Chega reiterou que não fará promessas, mas que será «uma voz ativa pela Guarda» e para «ajudar a cuidar e fixar a população e, atrair novos residentes». Além disso, segundo o oficial do Exército, natural de Mafra e ex-militante da Iniciativa Liberal, sem qualquer ligação ao distrito por onde foi eleito, um dos grandes problemas do interior é a desertificação, «uma problemática que também quero tentar ajudar a combater».
«Isto é um ecossistema. Eu vou ser um entre 230 deputados e temos que sensibilizar os diversos grupos parlamentares para o grande problema do interior, que é o seu despovoamento, o que é algo que tem que ser revertido se queremos ser um país equilibrado», sublinhou Nuno Simões de Melo. Em termos de votação, depois do Sabugal, o Chega teve maior percentagem de votos em Celorico da Beira com 23,25 por cento e na Guarda com 19,55 por cento – foi o partido mais votado na freguesia de Santana de Azinha.