Winston Churchill terá dito que «a democracia é o pior dos regimes, à exceção de todos os outros». A frase do antigo primeiro-ministro inglês foi tantas vezes citada que perdeu a originalidade e até mesmo a relevância. Porém, seguramente, é das melhores frases para sintetizar ou defender as virtudes dos sistemas políticos ocidentais. Não é preciso voltar à Grécia antiga para, facilmente, concluirmos que ainda não conseguimos inventar um sistema melhor que a democracia.
Provavelmente, enquanto vivemos uma inusitada crise, voltamos a ouvir muitas vozes sobre a qualidade da nossa democracia. E, quando interrogamos sobre a qualidade e fiabilidade da nossa democracia, a resposta que obtemos é muitas vezes a desilusão e a frustração. Mas a democracia é precisamente isso: termos a liberdade e o direito a interrogar a sua qualidade ou fiabilidade, é podermos discordar do sistema, é podermos pôr em causa o regime, é discutirmos o funcionamento das instituições, é duvidarmos da governação, do parlamento, dos partidos, dos políticos – porque não há democracia sem políticos e sem partidos. E é podermos ser parte ativa no processo; é termos o direito cívico de influenciar as decisões; é poder votar – e o voto é a forma mais relevante de expressão; votar é participar na escolha dos governos e é tomar parte no ordenamento do regime. A democracia é uma conquista imperfeita, que nos permite a liberdade de escolher o regime em que vivemos, de eleger e ser eleitos. Por isso, como dizia Churchill, pode ser o pior dos regimes, mas todos os outros são de certeza muito piores.
Claro que é um regime com imperfeições. E é legitimo denunciá-las, mas pelo meio convém estarmos sempre atentos e vigilantes, porque há sempre quem tenha a tentação de querer outras formas de poder. Como sinaliza a Amnistia Internacional, o jornalismo tal como a democracia estão sob ataque há vários anos. Aliás, a fragilidade da imprensa em Portugal é um sinal claro da instabilidade a que está sujeita a democracia no país. Os desafios que a imprensa vive desde há anos, com predominância na sustentabilidade financeira, são tão grandes quanto a sua importância para a democracia. Uma imprensa independente e rigorosa é um dos pilares de uma democracia sólida. Sendo essencial o trabalho da imprensa, ele está sujeito a regulamentação própria que garante o rigor e a independência do trabalho jornalístico como um serviço fundamental para a democracia – garantido pela Constituição da República Portuguesa no seu artigo 37º, que versa sobre a liberdade de expressão e de informação e consagra que todos têm o direito de informar, de se informar e de ser informados.
A imprensa tem um papel decisivo na edificação da democracia, na vigilância e escrutínio, no direito a estar informado, na pluralidade e liberdade de expressão. E é neste contexto que a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril distinguiu a imprensa regional «pelo contributo para a construção do Portugal democrático».
O Jornal O INTERIOR foi fundado há 25 anos e, por coincidência, enquanto comemora o 25º Aniversário, recebeu o Diploma de Reconhecimento pelo seu contributo para a democracia. Como tão bem explicitou Maria Inácia Rezola, a Comissária Executiva para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a imprensa regional «prestou, presta e prestará um serviço público essencial» na afirmação da democracia. A Comissão homenageou e distinguiu todos os que colaboraram e colaboram com o Jornal O INTERIOR – 25 anos a construir o Portugal democrático.