Há uns tipos que me são por demais irritantes, como o Rui Tavares e sua visão facciosa do mundo. Pessoas daquele cariz estão na linha de Diana Andringa e António Borga, que premeiam opiniões com processos crime, que adorariam silenciar as cores até sermos todos vermelhos, que amariam a cegueira dos perfumes até serem todos “patchouli”. Afogar o âmbar, o sândalo, o cedro, o tonka, o musk e cingir tudo ao cheiro único. A pulsão da proibição e do apagamento dos outros é um processo mental que foi testado com galhardia por todos os totalitários. Agnes Heller é um exemplo das pessoas que conheceram o holocausto nazi e o “terror educativo” dos comunistas. Heller (filósofa húngara falecida este julho de 2019) foi perseguida pelos dois. Ela e toda a escola de Budapeste onde estavam discípulos de Gyorgy Lukács. Para esta gente que se intitula de esquerda, a repressão e o enxovalho, o acossamento e o entuchar são a lei para a sua vitória. O problema está em que o fanatismo de qualquer matiz é inimigo da democracia e da liberdade.
Dedicados intensos textos de vilipendio contra a candidata alemã à Comissão Europeia tiveram por brinde a sua eleição sem espinhas e sem segundas voltas ou adiamentos. Nenhum texto nos esclarecia o currículo e a razão de ser da escolha e depois a razão da oposição. A história também se faz de liberdade e de democracia e ela aí está: a primeira mulher a representar a Europa e a definir estratégia e caminho.