No passado dia 30 de janeiro, os Portugueses deram uma vitória esmagadora e inequívoca a António Costa e ao Partido Socialista. Contrariando uma perceção generalizada sobre o que seriam os resultados das Eleições Legislativas e todas as sondagens, Portugal transformou-se num mapa cor-de-rosa.
Sempre que há maiorias absolutas, as contas são fáceis de fazer. O pódio só tem um lugar e não há espaço para vitórias relativas de quem quer que seja. Nos próximos quatro anos, António Costa governará sem ter de negociar a aprovação de orçamentos do estado com outras forças políticas e sem ter de estar constantemente a atender os recados do Presidente da República. Haja a capacidade para gerir e superar o desgaste natural decorrente de seis anos de governação e a nova missão executiva decorrerá confortavelmente.
Pela Guarda, a coroação da nova figura maior da política distrital, Ana Mendes Godinho, foi ensombrada por notícias que dão conta da possibilidade de a governante não integrar o próximo executivo de António Costa. Tendo em conta o desempenho de Ana Mendes Godinho nos últimos governos e a sua influência crescente na estrutura do Partido Socialista, seria surpreendente se este cenário se viesse a confirmar. Para a Guarda, além de surpreendente, seria verdadeiramente desolador.
O peso político do nosso distrito depende, cada vez mais, do reforço do laço afetivo que Ana Mendes Godinho firmou com a Guarda e as suas gentes no verão de 2019. Do mesmo modo, o desenvolvimento de toda a região está altamente dependente dos projetos que anunciou ou subscreveu para a Guarda. No topo da lista surgem dois empreendimentos capazes de fornecerem uma dimensão verdadeiramente internacional à Guarda: o Porto Seco e o Centro Europeu de Competências para a Economia Social.
A continuidade de Ana Mendes Godinho em funções governativas representará sempre uma garantia reforçada de que estes dois projetos estruturantes serão concretizados a breve prazo, mas também de que reivindicações mais antigas possam ser, finalmente, atendidas, como a abolição das portagens na A23 e na A25, a conclusão da segunda fase das obras do Hospital da Guarda e a reabertura de vários equipamentos e serviços (e. g. Hotel Turismo, Pousada da Juventude, Linha do Douro).
Será também Ana Mendes Godinho quem, permanecendo em funções governativas, melhor poderá salvaguardar os interesses da Guarda nos cenários de decisão de alta esfera política que entretanto forem surgindo. Muitos desses cenários estarão relacionados com a abertura de candidaturas ao PRR e ao Portugal 2030, mas também com eventuais oportunidades proporcionadas pelo prosseguimento do processo de descentralização político-administrativa e do reforço da colaboração transfronteiriça entre Portugal e Espanha.
Em suma: com a crise política vencida e a crise sanitária em vias de resolução, o País pode concentrar-se na retoma económica. É fundamental que nesse processo o reforço da coesão territorial assuma caráter prioritário.
Necessitamos, por isso, de governantes capazes, empenhados e conhecedores das populações e dos seus problemas.
* Ex-presidente da Federação da Guarda do PS