Após uns meses de espera, estão aparentemente acabadas as obras na Torre dos Ferreiros. Foi instalado um elevador, exterior à torre, a que se acede por uma rampa em madeira. A rampa e o elevador integram-se bem no conjunto e não ofendem. São até um belo exemplo de como se pode trazer ao nosso tempo, não o desvirtuando, um monumento com muitos séculos.
A cidade não teve sorte com outros trabalhos no seu centro histórico. Um dos mais recentes, como a substituição da calçada da Praça Velha pelo lajedo que lá está agora foi um erro. Assim é perigoso para os transeuntes e não melhorou em nada que se veja o que havia antes. Muito antes disso, foram as obras que as várias Câmaras antes de 1974 permitiram em casas do centro histórico. Foi destruída a traça original de muitas em submissão ao pato-bravismo dos anos 60 e 70 do século passado. Janelas em madeira foram substituídas por alumínio de má qualidade, a pedra foi substituída por cimento ou tijolo e as cérceas médias não foram respeitadas, entre muitas outras alarvidades. É verdade que não havia as preocupações que há hoje, mas a cidade perdeu e tem demorado muito tempo a recuperar. E tinha perdido ainda antes quando as pedras da muralha foram roubadas para a construção de casas, como é visível em vários locais. Da velha cidadela resta hoje muito pouco, mas o que há sugere como terá sido imponente antes do vandalismo das Invasões Francesas e do que se lhe seguiu.
Por isso é louvável tudo o que se possa fazer para recuperar e melhorar o que resta do centro histórico. A Torre dos Ferreiros é um bom recomeço, mas pode fazer-se mais. Por exemplo: entre a Torre de Menagem, que foi recuperada há pouco tempo, e o solar dos Póvoas há um jardim que antes foi luxuriante, depois foi submetido a algumas melhorias e agora parece de novo esquecido. Tinham sido destruídas muitas das árvores que tinha, é verdade, mas não se vê que fossem plantadas as suficientes para lhe restituir um dia a beleza de antigamente. Na Judiaria continua a haver dezenas de casas a ameaçar ruína e os antigos planos da Câmara Municipal para as expropriar e entregar a coletividades parecem esquecidos.
Regresso à Torre dos Ferreiros. Pelo que vi (fui lá na segunda-feira), não se pode ainda subir: no elevador diz-se que a subida ao miradouro é feita provisoriamente pelas escadas e nas escadas diz-se que a subida é feita exclusivamente pelo elevador. Não é grave, esperemos que se decidam por um dos caminhos, de preferência o do elevador ou a despesa terá sido para nada. Convinha também, como é hábito em monumentos destinados a serem visitados, alguma nota histórica para esclarecer os visitantes: quem mandou construir a torre, quando, como se localiza no plano da antiga cidadela, que mais há de interesse para ver na cidade e onde se sugere ao visitante que vá a seguir.