A vida como estrutura e como contexto obriga uma abordagem diferente da relação que temos com a existência. Um Robinson Crusoe enlouquece na solidão. Um funcionário de uma loja do cidadão sonha com momentos solitários. O humano é um espaço contraditório entre humores internos e emoções com o exterior.
Surgem reações diferentes segundo as circunstâncias. O mesmo cidadão é de um modo sozinho e de outra forma na sala de espera cheia. A vozearia pode dar espaço a um esgar consoante o interlocutor. A maior zanga desvanece noutro cenário. Pintando um cenário especial temos outras reações. Há quem prepare a entrada como se fosse uma peça, uma boca de cena, uma interpretação importante.
Também sucede o inverso e há quem reaja de modo previsível aos momentos tensos e aos encontros indesejados. Podemos obter resultados mudando o estilo, alterando o lugar, corrigindo o tom de voz. O humano é de uma plasticidade “camaleónica”, de uma contradição trágica e por vezes cómica. Um discurso serve para os meus e é “negacional” se forem os outros. Num país interpretamos gestos de um modo, mas noutro, um dedo em riste não é pecado, um não redondo e alto é normal, um bufar de boca é expressão.
Esta plasticidade infinita faz dos seres humanos surpreendentes. Podemos esperar um dia fácil ou um dia terrível. Pelos mesmos motivos podemos ter as mais variáveis reações e as mais complexas interpretações. Por isso somos nós e as nossas circunstâncias, influenciados pela nossa aprendizagem, a nossa educação, os nossos modelos de comportamento, os nossos mitos, as nossas fés, as nossas paixões, as nossas coragens e medos.
Somos uma sopa de emoções e de reações, algumas pensadas e outras independentes do pensamento.
Reações
O humano é de uma plasticidade “camaleónica”, de uma contradição trágica e por vezes cómica.