Ao longo dos anos a sobreposição, nas mesmas datas, de eventos culturais, desportivos ou musicais tem sido evidente, com reflexos negativos ao nível de potenciais participações ou da fixação de visitantes durante mais dias.
Reeditamos, uma vez mais, esta questão por considerarmos ser importante o desenvolvimento de um trabalho, planificado com antecedência e num verdadeiro espírito de cooperação e diálogo, por parte das autarquias, agentes culturais ou desportivos, instituições e coletividades.
O conhecimento prévio da calendarização de eventos na nossa zona incrementará um maior envolvimento dos residentes e dos forasteiros, pela possibilidade de equacionarem a sua participação e de elaborarem o roteiro mais adequado com os seus gostos.
Salvaguardando as datas âncora tradicionalmente reservadas para certames que estão consolidados no distrito, o cuidado dos organizadores deve passar pela recíproca troca de informações passíveis de permitirem o desejado alargamento temporal de eventos, distribuídos por dias diferentes; desta forma, as pessoas terão a possibilidade de participar em diferentes iniciativas, programadas para locais distintos.
Um visitante que venha à Guarda numa determinada data para assistir a um espetáculo não terá, certamente, a possibilidade de participar noutro evento (até com perfil diferente) que decorra, no mesmo dia, em Seia, Trancoso, Pinhel ou no Sabugal, por exemplo; oferecer, com a refletida e acordada distribuição, vários eventos no período de visita dessas pessoas terá toda a vantagem em termos de rentabilização da viagem, do conhecimento da região, das receitas da restauração e hotelaria, da dinamização social e melhor conhecimento das localidade.
Esta planificação, pelo que se tem verificado em termos de estratégias concelhias, não será fácil, mas é fundamental abrir caminho a uma agenda comum enquadrada num objetivo e empenhado trabalho em rede; capaz de contemplar o máximo de propostas, muito para além de eventos, alargando a novos roteiros motivadores da heterogeneidade de públicos alvo. De recordar que, há algumas décadas atrás, e já no período pós-25 de abril, as reuniões periódicas de presidentes das câmaras municipais do distrito fomentavam um interessante diálogo que permitia o entendimento em várias matérias e eficazes fórmulas de cooperação, benéficas para a evolução dos territórios.
Os castelos, as praias fluviais, a cultura, os solares, as igrejas, a gastronomia, os trilhos, as atividades de montanha, a Serra da Estrela, a flora, os museus, os monumentos e sítios arqueológicos, as tradições, os festivais, o artesanato, as aldeias da meseta ou da Serra, as recriações históricas, as feiras, a observação das aves, os vinhos, os roteiros sobre escritores, o teatro religioso, as águas cristalinas e as múltiplas e encantadoras paisagens que temos para (re)descobrir e oferecer, a quantos nos queiram visitar, é um vasto conjunto de áreas potenciadoras de novas vias de desenvolvimento.
Atualmente, com o a disponibilização de novas tecnologias – o que não afasta uma edição impressa da agenda distrital – não é difícil a organização e sistematização de uma informação (regular e eficazmente atualizada) sobre a oferta distrital ao nível de eventos, locais a visitar, hotelaria, restauração, imprensa local, transportes, roteiros turísticos, locais de lazer, formação, bibliotecas e arquivos, unidades de saúde e contactos úteis.
A criação (envolvendo contributos multidisciplinares) de uma aplicação para equipamentos móveis, usados por todos no dia a dia, uma via desejável, conciliando-a com outros suportes informativos que não olvidem, igualmente, a síntese e qualidade dos textos, o cuidado na apresentação, a qualidade fotográfica e a facilidade de consulta.
Existem, na nossa zona, conhecimentos, recursos e meios; falta a decisão, o entendimento e o empenho em se pensar numa estratégia global para esta região do interior, divulgando a sua realidade, promovendo as suas potencialidades, captando novos visitantes e investimentos.