Volta o grande evento da Guarda: a “Cidade Natal”. O “ambiente mágico” que nos últimos anos iluminou o frio da cidade vai voltar a sentir-se. Este é, porventura, o mais relevante certame herdado da passagem (seis anos) de Álvaro Amaro pela autarquia da cidade (o outro é a FIT). E é seguramente o que tem mais a ver com o caráter e as caraterísticas da Guarda, uma cidade onde o frio associado ao Natal fazem parte do dia a dia, onde o “madeiro” sempre juntou o povo à sua volta (antes na Praça velha, agora junto à Misericórdia) e onde celebrar o nascimento “do Menino Jesus” sempre teve um élan especial. O Natal na Guarda representou sempre o regresso dos filhos a estudar fora, das famílias emigradas, dos amigos do litoral, da “tribo” que se juntava porque «o Natal é na Guarda». Por tudo isto, a celebração como “Cidade Natal” faz todo o sentido e a aposta em atrair não apenas «os filhos», mas também os forasteiros para vivenciarem a época natalícia na “Cidade Natal” foi uma aposta ganha e que faz sentido.
O que não faz sentido e merece o maior repúdio de todos é que em Lisboa se pretenda construir um “palácio de gelo” com dinheiros públicos. Talvez por ser originário de Viseu, onde existe o centro comercial “Palácio do Gelo”, o secretário de Estado da Juventude e Desporto não só apoiou a ideia da instalação de um Pavilhão do Gelo em Lisboa (projeto do Turismo de Portugal), como assegurou disponibilidade do Estado para o financiar direta ou indiretamente. Para João Paulo Rebelo, este equipamento será essencial para a prática de desportos de Inverno na capital. Na mesma sessão foi anunciada uma candidatura para a instalação de um equipamento para desportos de inverno no gelo nas Penhas da Saúde, na Serra da Estrela. E é este equipamento que deve ser defendido pelos dirigentes da região. Pedro Farromba, presidente da Federação de Desportos de Inverno (FDIP), faz bem em reivindicar este projeto (para instalar uma pista amovível sobre as piscinas das Penhas da Saúde), mas não pode defender e apoiar, como fez, a construção do Pavilhão do Gelo na capital. Se em Lisboa alguém considera esse equipamento necessário, pois que sejam os privados a fazer o investimento e a explorá-lo – como em Viseu, que tem uma pista de gelo no topo do centro comercial construída e explorada pela Visabeira, não paga pelo erário público. Como comentou no “Observador” Paulo Ferreira, «esta ideia de pôr os contribuintes a pagar um pavilhão de Gelo em Lisboa – essa cidade de montanha com grande tradição nos desportos de inverno – é mais uma ideia com a mesma sensatez dos estádios do Euro2004». Pior, é mais um investimento público em Lisboa, que contribuirá para esvaziar o interior, que a fazer sentido deveria ser implantado na Covilhã, na Guarda, em Viseu, em Bragança ou Vila Real; em Trancoso ou Manteigas; em Montalegre ou Miranda do Douro; mas é absurdo e desvirtua a obrigação do Estado de promover o desenvolvimento do país como um todo. É em Lisboa que há mais pessoas e mais potenciais utilizadores dessa eventual pista de gelo… pois claro! Se todos os investimentos públicos são feitos em Lisboa é óbvio que assim seja! Se não houver oposição, pois bem, «ainda nesta legislatura», se quisermos praticar desportos de Inverno teremos de ir a Lisboa e não à Serra da Estrela…
Pavilhão do Gelo em Lisboa!??
«Ainda nesta legislatura», se quisermos praticar desportos de Inverno teremos de ir a Lisboa e não à Serra da Estrela…