Apesar do pessimismo reinante junto das classes reinadoras, a verdade é que o mundo está cada vez mais amazing para aqueles a quem a vida não fucked them all.
O mindset da burguesia não se forma com pequenos-almoços a correr. Durante o brunch, depois do running ou do spinning, escolhe um videoclip da sua playlist no último modelo do smartphone. Se tiver saudades, faz uma call por zoom ou facetime para um date online.
A caminho dos headquarters do seu business, ouvindo podcasts nos headphones, organiza um brainstorming com o sales manager, e prepara por e-mail um upgrade com downsizing e pensa no follow-up do coaching.
Já dentro do office, coordena o networking com os players, e avalia as odds para o target das spin-off de hardware. Ouve os briefings dos copywriters de storytelling, e decide que o benchmarking do rebranding precisa de um pitch no co-working.
No meio de tudo isto, faz um download dos rankings dos franchises, envia o link para o back office do merchandising e lê um report sobre os últimos best sellers evitando encontrar algum spoiler, enquanto o consulting do marketing se entretém com o sales manager a pensar num product placement de qualquer nova trend.
Enquanto aguarda pela delivery de um cheeseburger vindo de uma cadeia de fast-food, verifica com a sua task force os deadlines para o crowdfunding, chama os trainees com know how para uma sessão de mentoring com o product manager, e observa no laptop as últimas novidades na homepage do Wall Street Journal.
Os novos pobres trabalham em call centers, o novo rico tem hobbies como fugir de escape rooms ou praticar bungee jumping ou fazer trekking. Frequenta workshops contra o bullying, faz depilação a laser, colecciona peças de design, contrata babysitters para poder ir, com todo o relax, ao shopping, de jeans e t-shirt. Quando pode, vê o último thriller ou um clássico western. Quando o slot de tempo não permite um filme completo, assiste aos trailers.
Ao fim da tarde, bebe cocktails durante a happy hour da sunset party na penthouse de alguma influencer que é amiga de uma top model, e em modo chill out, conversa com os partners sobre os outputs da start-up, sabendo que é um role model para o assessment de uma possível joint venture.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
