O que faz com que os continentes se movam?

Escrito por António Costa

“Embora consiga explicar grande parte dos fenómenos referentes aos movimentos das placas, a teoria dos movimentos convectivos ainda suscita algumas dúvidas, entre elas a origem de algumas fendas oceânicas das quais não sai magma. “

Hoje, com a tectónica de placas, sabe-se que a teoria de Wegener sobre a deriva de continentes estava certa. A Deriva Continental de Wegener consiste na ideia da mobilidade dos continentes atuais, a partir da fragmentação de um supercontinente designado por Pangeia. Os continentes deslocam-se, é verdade, mas ainda não se conseguiu responder de forma inequívoca à pergunta que o próprio Wegener formulou: o que faz com que se movam?
A teoria hoje mais aceite é a dos movimentos convectivos do manto. Trata-se de movimentos circulares de matéria que se produzem no interior de líquidos quentes. Tal como acontece quando uma panela com água fica a ferver ao lume, o líquido em contacto com a fonte de calor aquece, torna-se menos denso e desloca-se para cima. A água que sobe à superfície arrasta consigo calor, que de seguida cede ao material que a rodeia e assim, enquanto arrefece, se torna mais densa e volta a descer. Em baixo, encontrará de novo o calor da chama que fará com que suba novamente, desencadeando desta forma um movimento contínuo de matéria.
No caso da Terra, o calor vem do interior do núcleo, que atinge temperaturas muito elevadas, e aquilo que se desloca é o magma, o fluido quente e denso que se encontra no manto e que é possível admirar durante erupções, quando sai da cratera dos vulcões.
Segundo a teoria dos movimentos convectivos, se a antiga Pangeia se fraturou, terá sido em virtude dos movimentos do magma que se encontrava por baixo da primeira camada sólida, composta pela crosta e por parte do manto, a litosfera. O magma sobe e desce, gerando tensões que provocaram a rutura das placas da litosfera, a sua aproximação ou a sua deriva.
Embora consiga explicar grande parte dos fenómenos referentes aos movimentos das placas, a teoria dos movimentos convectivos ainda suscita algumas dúvidas, entre elas a origem de algumas fendas oceânicas das quais não sai magma.
Na primeira metade da década passada, os investigadores propuseram uma nova teoria, ainda por debater, que atribui o movimento das placas à diferente velocidade de rotação das camadas que constituem a Terra. Como um pião, a Terra gira constantemente sobre si mesma. As camadas que a compõem, devido às suas diferenças em termos de peso e densidade, não acompanham esta rotação de modo uniforme. Em concreto, a litosfera deslocar-se-ia mais lentamente em relação ao manto subjacente, e essa divergência poderia dar origem ao movimento relativo das placas.

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António Costa

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