O desespero da sobrevivência

“Nestes dois anos de governação assistimos, no mínimo, à estagnação da Guarda e se quisermos ir um pouco mais longe, comparando-nos com outros concelhos que “jogam na mesma divisão”, há efectivamente uma regressão.”

A vitória autárquica do presidente da Câmara da Guarda, Engº. Sérgio Costa, nas eleições de Setembro de 2021 foi uma anomalia histórica. Venceu, mas não devia ter vencido! Claro que esta afirmação não retira todo o trabalho e mérito que o próprio teve na construção deste resultado, no entanto, se compararmos as promessas pré-eleitorais com as acções daí em diante desenvolvidas, chegamos à miserável conclusão que nada, ou muito pouco foi feito.
Nestes dois anos de governação assistimos, no mínimo, à estagnação da Guarda e se quisermos ir um pouco mais longe, comparando-nos com outros concelhos que “jogam na mesma divisão”, há efectivamente uma regressão.
Em termos cronológicos está mais do que visto que a Guarda vai perder quatro anos do seu desenvolvimento, mas em termos práticos, vão ser dez porque há oportunidades que não voltam a surgir. Há projectos que já deviam estar em avançada execução, mas ainda nem do papel constam e muitos outros apenas vêm sinalizada a verba para um estudo prévio, atirando a sua concretização, se realmente acontecer, para um horizonte temporal muito superior à duração do mandato eleitoral.
O senhor presidente da Câmara andou a brincar com os guardenses uma vez que, depois de ver chumbada, por indecente e má figura, uma primeira versão do orçamento para 2024, apresentou poucos dias depois uma segunda, praticamente decalcada da primeira. A crença que esta segunda versão iria passar, era tão grande que, na mesma reunião, apresentou o plano B: a cerca de 15 dias do final do ano, brindou-nos com uma proposta modificativa do orçamento de 2023, contemplando 30 novas rúbricas, dotadas individualmente da robusta quantia de 1€ – sim, é verdade, um euro! Por aqui se vê a enorme vontade de fazer obra…
Para completar este percurso desastroso, na última Assembleia Municipal, além do já recorrente discurso de vitimização (que só descredibiliza quem o utiliza), serviu-se da boa-fé e credulidade de alguns senhores presidentes de Junta, para tentar lançar o medo e a preocupação sobre um problema que verdadeiramente não existe.
Se o presidente e executivo PG que o suporta consideravam que essas 30 propostas eram tão importantes para a Guarda, porque não estavam contempladas no primeiro orçamento apresentado? E assim sendo, porque não estavam também reflectidas no orçamento rectificativo exposto uma semana depois? São questões extremamente sérias que não tiveram respostas, mas as mesmas, não são difíceis de encontrar.
Falta de planeamento!
Falta de estratégia!
Falta de trabalho!
Falta de visão!
Falta de conhecimento!
Falta de respeito pela Guarda e seus munícipes.
O senhor Presidente da Câmara encontra-se numa espiral descendente de desespero político. Está em queda livre. Convence-se que tudo é culpa dos outros e acredita ser vítima de uma conspiração interpartidária. No fundo, a verdade é só uma e não é difícil de descortinar: os únicos responsáveis pelo estado calamitoso a que chegou a Guarda são ele e o executivo por ele escolhido.
Quem vence eleições deve governar! Por isso, tem dois anos para mostrar o que vale. O relógio continua a contar…

* Deputado municipal do PSD
** O autor escreve ao abrigo dos antigos critérios ortográficos

Sobre o autor

Ricardo Neves de Sousa

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