A pandemia da Covid-19 criou em todos os países um quadro dominado pela incerteza em relação ao futuro. Por todo o lado se revelaram fragilidades. Mas também houve áreas cuja importância sai reforçada desta crise: a ciência, a tecnologia e o ensino superior.
Não é difícil perceber porquê: a qualidade dos recursos humanos é sempre fulcral para responder a qualquer crise. E não é só a formação dos jovens: para qualquer pessoa, a disponibilidade para continuar a aprender ao longo da vida é uma competência decisiva para enfrentar o futuro.
É por isso importante para uma cidade como a Guarda, e para a sua região, que o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) se tenha distinguido no país como um dos estabelecimentos de ensino superior que mais consegui crescer este ano no contexto da crise pandémica.
Na verdade, o IPG ficou com mais 149 alunos na primeira fase de candidaturas ao ensino superior de 2020 em comparação com o ano anterior. Já em 2019, em todas as fases de acesso ao ensino superior, o IPG tinha atraído mais de mil novos estudantes, um resultado que inverteu definitivamente a tendência de diminuição de estudantes verificada nos 11 anos anteriores.
À data de hoje, regista um aumento de 31% de colocados em relação à mesma fase do ano anterior. Este ano letivo já tem 781 novos estudantes nas escolas do IPG na Guarda e em Seia – e ainda faltam os resultados da 3ª fase e da época especial. As vagas em quatro licenciaturas – Biotecnologia Medicinal, que se estreou este ano, Enfermagem, Farmácia e Desporto – estão esgotadas.
Com a sua aposta na diversificação da oferta formativa – duas novas licenciaturas e cinco novos cursos técnicos superiores profissionais (CTeSP) – o Politécnico da Guarda tornou-se em 2020 a instituição de ensino superior em Portugal com maior aumento percentual do número de vagas nos últimos anos, passando de 680 em 2017 para 1013 neste ano letivo.
É certo que o IPG tem problemas nos cursos de Engenharia Civil e de Engenharia Topográfica. Mas a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra também ficou na 1ª fase com 30 vagas de Engenharia Civil por preencher; e o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, em 21 vagas, só preencheu duas. Ou seja, o IPG sofre com um problema nacional cuja origem o transcende.
Para complementar o seu bom desempenho, o IPG devia alargar no futuro a sua oferta formativa para o setor primário, nomeadamente para as ciências agrícolas e para a área da Geologia e Minas, setores com enorme peso económico no território adjacente. A região ganhará muito com isso.
* Acácio Pereira
Dirigente sindical