Estou-me bem lixando para o Governo. Eu vivo de negócios, oportunidades de fazer coisas novas, criação de eventos e com isso passeio, procuro lugares de encanto. O dinheiro chega-me com a facilidade que teria quem trabalha no universo de quem nada faz e não quer fazer. Tenho um part-time para os dias em que nada acontece, mas vou usando a net, colocando à venda o que posso e tentando umas vezes trapos, outras viagens, outras tuc-tuc. Onde surge a oportunidade lanço a corda e amarro uns meses de trabalho. O dinheiro tem de chegar a cada trabalho e se possível sem qualquer relação com o IVA ou o IRS ou mesmo com o IRC. Sou uma pessoa cheia de ideias, percebe-me? Já vendi mangueiras de água que esticam, já tive gadgets, já desenhei suportes para telemóvel nos automóveis, já abri bares e cabeleireiros. Faz dois anos andei a retirar amianto com todas as proteções e até tive subsídio europeu. As pessoas ligam apenas a si próprias e aos seus egos pelo que tenho muito onde e em que me entreter. A maioria está vidrada em medos de doença, em obsessões por micro nadas e paga fortunas por estética e não vai pagar uma cirurgia de vesícula ou de intestino. Mesmo os ricos preferem gastar numa transplantação de cabelo que a escolher o melhor cirurgião do fígado ou do coração. Tenho direito a isso, não é? Dizem sem perceber o contra censo. Eu vendo ilusões, coisas supérfluas, coisas de entreter espíritos. Se procuram alternativos em viagem e desporto também vão crer em biologia e em medicina. Eu abro lugares de lhes fazer gastar dinheiro. Como a maior parte destas fronteiras são novas ilusões quando legislarem sobre isso já estou noutro negócio. Percebe porque não quero saber de governos nem de políticos? Eu já deixei de votar porque me é igual a escolha. Estou fora do sistema. Compro na net, negoceio na net, viajo pela net, namoro na net. Por vezes faço uma loja ou um evento, mas dura o mínimo de tempo necessário para que o primeiro fiscal encontre o espaço vazio.