Não sei se é da educação porque a maioria das famílias tende a fazer o seu melhor no desejo de ter filhos exemplares. Não sei se é do ambiente porque esse é construído por nós na forma como interagimos. Desconheço se é da falta de serviço militar obrigatório para dar a noção de hierarquias e respeito institucional. Não acredito que seja influência do cinema ou das séries de televisão. A subida social de classes menos favorecidas economicamente e menos cultas de certeza que não é a causa, pois muitos saíram da pobreza carregados de respeito e cerimónia. “O poder da ralé” seria uma expressão inaceitável para os dias de hoje. A facilidade com que se chega ao insulto nas redes sociais, a língua pejada de expressões sujas, interjeições, e “palavrotas”, a perfídia instituída na política, o apoucamento tornado discurso de rede social, a falta de cumprimento de regras de conduta, a falta de respeito pelo próximo, tudo isto revela uma deriva do normal. A baixeza, a falta de correção, o desrespeito de sinaléticas, de princípios, tudo se tornou engraçado e banal. O mundo reduziu a sua exigência média e isso democratizou os acessos e reduziu o supérfluo como meios de normalização. A menina vai semidespida a Fátima rezar. O doutor carrega no vernáculo para se fazer entender. Não se pode constranger por gaguez ou por linguagem mal estudada, ou por incultura sobranceira. A elegância de ceder um lugar, não interromper um mais velho, cumprimentar quem chega, não ouvir o telefone alto na sala de espera, não ver vídeos aos berros nos corredores, tudo isto mudou. Não sei se estamos melhor, mas sinto que me incomoda! A ver se 2021 melhora!
Má educação
«A baixeza, a falta de correção, o desrespeito de sinaléticas, de princípios, tudo se tornou engraçado e banal»