Ouço dizer por aí que a escolha do Mundial de futebol no Qatar ficou manchada pela corrupção dos altos funcionários da FIFA. Pode acontecer que os governantes do Qatar já estejam arrependidos, já que não contavam com tanta má vontade dos estrangeiros nem com as reportagens do Nuno Luz.
Há imensas teorias da conspiração sobre este campeonato do Mundo, e eu, que não sou de intrigas, não quero alimentar teorias infundadas. Deixo apenas para consideração dos leitores alguns factos, para que decidam pelo seu próprio discernimento.
Apenas três selecções ganharam os dois jogos das duas primeiras jornadas. Portugal, Brasil e França. Onde é que há mais portugueses a viver? Em Portugal, no Brasil e em França. Onde é que nasceram os jogadores da defesa escolhida por Fernando Santos? Em Portugal, no Brasil e em França.
A selecção portuguesa teve duas grandes penalidades a favor nos dois primeiros jogos. Onde nasceram esses árbitros? O primeiro, em Marrocos, onde morreu D. Sebastião. O segundo, no Irão, onde vive Carlos Queiroz.
Portugal, centro de um império colonial no alvor da modernidade, ganhou ao Gana, país onde fica situada a Costa do Ouro, e ao Uruguai, que fica na Bacia da Prata, onde os navegadores portugueses chegaram e comerciaram.
O próximo jogo da equipa das quinas é no dia seguinte à celebração da Restauração da Independência, dia em que o povo atirou Miguel de Vasconcelos pela janela por ser um traidor da pátria, e será contra a Coreia do Sul, que tem um seleccionador português que não vai estar presente, porque se fez expulsar no jogo anterior, não fosse haver uma corrente de ar nas janelas do estádio.
E talvez não seja mesmo por acaso que nem a Roménia nem a Bulgária estão neste Mundial. Caso contrário, mesmo ganhando à Coreia do Sul, nem os Costas (o Diego e o outro) nos livravam de ficarmos em último lugar.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia