Inclinação à direita

Escrito por Diogo Cabrita

“Sim por estas razões estou a endireitar. Sim, por perceber como o PSD tem vergonha do seu lugar político no centro-direita, a sua colocação clara na oposição a esta tomada de assalto ao estado democrático estou a endireitar, com pena, mas com sentido revolucionário de perceber que essas esquerdas e direitas já acabaram e hoje há novas fronteiras que nos separam!!”

Estou a virar à direita? Talvez com a idade. Talvez pela mudança do lugar da esquerda “woke”. Não porque seja racista (o meu sangue está carregado de mistura e diáspora, sobretudo indiano e chinês), ou fascista (sou pelos direitos humanos, gastei muito do que ganhei a apoiar quem precisava, a potenciar talentos, a defender causas, a montar associações de cidadania), não porque seja machista (envio ao Ministério Público todas as suspeições de violência doméstica, agressores envergonhados que acompanham vítimas que são atendidas numa Urgência onde tenha estado), não porque não goste de animais (já dei comigo a enviar dinheiro ao IRA em dias em que me revolto com maus tratos), não porque seja ignorante (apesar da noção que tenho da imensidão do que não sei!), mas porque estou farto da idolatria esquerdista, da estúpida ideia de que a direita é sempre má, que não há violência inútil na esquerda, que os terroristas vermelhos são melhores que os da ultra direita, que os ciganos têm mais direitos que deveres, que aos comportamentos gravemente danosos possa permitir-se prescrição, que a lei não se aplique a todos de modo coerente, que a legalização de imigrantes esteja fora de qualquer controlo, e Portugal se esteja a tornar uma plataforma de entrar na Europa, sejamos uma maternidade que converte o mundo em europeus, que os impostos sejam os maiores de que há memória e os subservientes da esquerda não falem nisso, que o controlo da linguagem se esteja a fazer como uma medida progressista, que a impunidade comodamente se instale em Portugal, que a autoridade tenha perdido sentido com a colocação de uma manada de incompetentes em todos os cargos do Estado. Sim por estas razões estou a endireitar. Sim, por perceber como o PSD tem vergonha do seu lugar político no centro-direita, a sua colocação clara na oposição a esta tomada de assalto ao estado democrático estou a endireitar, com pena, mas com sentido revolucionário de perceber que essas esquerdas e direitas já acabaram e hoje há novas fronteiras que nos separam!! Não esqueço como o PSD permitiu esta maioria absoluta ao deitar fora cem mil votos do CDS para não manter a coligação. Não esqueço como gastam mais cartuchos uns com os outros que a fazer luta política, os do CDS, PSD e até Chega e IL. Situado entre algumas liberalidades e uma imensa noção da importância do Estado no equilíbrio da distribuição e da equidade, sou completamente contra águas privadas, EDP privada, educação/conhecimento oferecido para cumprir estatísticas, saúde e justiça que não funcionam. Também sou a favor de colocar taxas sobre o enriquecimento escandaloso ou o inexplicável. Não tenho tabus sobre a utilização privada para o bem comum. A garantia pública de segurança e justiça veloz e eficiente, medida em resultados incontestados. Sou anti “woke”. Leio, atento, Peter Singer, José Carlos Ruiz, Innerarity, Agamben e muitos outros, vivos que se debatem na intensidade do que é o pensamento contemporâneo, à espera de outros rumos, longe dos estereótipos do passado. A sociedade aberta luta contra os velhos inimigos!
Onde fico? Ando perdido entre estribilhos de esquerda e alguns gritos da direita.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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