Esta semana, o Presidente da Ucrânia discursa no parlamento português. O Partido Comunista Português é contra porque não é um acto que contribui para a paz. Realmente, o PCP tem alguma razão porque as reuniões por zoom deixam uma pessoa com alguns nervos, capaz de dar vontade de sair à rua e dar uma cabeçada num sinal de trânsito.
A propósito da invasão da Ucrânia, tenho lido e ouvido ideias diversificadas, proferidas por vários artistas, uma espécie de saltimbancos que balançam entre o trapézio putinista e os malabares altermundistas.
Há os armados em sonsos que perguntam, “mas por que é que eles não se entendem?” Esses são, sem tirar nem pôr, tal e qual como os juízes dos tribunais portugueses que, perante uma mulher espancada e violada, a quem mataram os filhos e destruíram a casa, perguntam, “mas por que é que vocês não se entendem?” É claramente má vontade dessa badalhoca, que ainda por cima andava com a mania que podia escolher as companhias.
Numa espécie de alegoria, estas pessoas diriam à Natacha que mais vale dar a sua sandes todos os dias ao matulão do Ivan. E se o brutamontes lhe levantar a saia, o melhor que a miúda tem a fazer é tentar a via diplomática – e numa cedência mútua, talvez mostrar-lhe uma mama.
No mundo cor-de-rosa de unicórnios e póneis alados destes líricos, o senhor filho da Putina é um senhor encantador com toda a disponibilidade para negociações diplomáticas. No mundo real, os matulões continuam entretidos a destruir cidades, enquanto os pacifistas pedem às vítimas que pensem bem no que andam a fazer.
Numa outra realidade paralela, a das autoridades russas, o seu maior navio de guerra não se afundou, mas se tiver afundado, foi por causa por de uma tempestade. Obviamente, já fizeram saber que a Ucrânia vai sofrer as consequências por ter atingido e afundado um navio que, segundo as autoridades russas, não foi atingido nem se afundou.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia