Guarda, com motivos para celebrar

“Regozijar-me com dois projetos que, aparentemente, vão avançar e podem mudar a face a Guarda: o Porto Seco e o Comando da UEPS-Unidade de Emergência Proteção e Socorro.”

1. A publicação em “Diário da República” do anúncio de concurso público da empreitada de implementação do Porto Seco da Guarda é uma grande notícia. Era expetável que essa promessa avançasse, mas, infelizmente, a maioria das promessas feitas para investimentos no interior acabam por ser esquecidas… Esta não foi! Nem podia ser! A Guarda e a região precisam de investimentos estruturantes como de pão para a boca. Os poucos projetos que podem desencravar a região são muitas vezes anúncios propagandísticos no vazio e que não têm qualquer relação com a realidade. O Porto Seco da Guarda temíamos que fosse mais um…
Com um investimento público de quatro milhões de euros, a implementação da obra será, como previsto inicialmente, entre a estação ferroviária e o Bairro de Nossa Senhora de Fátima, nas “Bertas”, e exigirá um grande investimento não apenas na implementação do Porto Seco, mas também na zona adjacente, nomeadamente em acessibilidades. Como bem recordamos, há dois anos, durante a campanha eleitoral para as autárquicas, a intenção de instalar o Porto Seco naquela zona foi tema de muita discussão e protestos por parte dos residentes. O então candidato Sérgio Costa defendeu que o Porto Seco nunca seria ali, mas, como o agora autarca viria a assumir posteriormente, a primeira fase terá de ser naquele local – temos de escolher entre o progresso e a estagnação; entre os projetos transformadores e o aplauso popular; entre apostar no futuro de todos ou ficar parados a olhar para o passado. E o futuro é já. Se queremos que os nossos filhos não fujam da Guarda e da Beira Interior temos de conquistar o progresso e temos de assumir que há projetos que podem não nos agradar pessoalmente, mas que promovem a metamorfose da nossa região e são determinantes para o desenvolvimento regional. E para que os nossos filhos possam viver na Guarda!
Se a propósito das comemorações dos 824 anos da Guarda comentei (aqui: https://ointerior.pt/opiniao/guarda-sem-motivos-para-celebrar/) que não havia motivos para festas, passada apenas uma semana, sou obrigado a reconsiderar e regozijar-me com dois projetos que, entretanto, aparentemente, vão avançar e podem mudar a face a Guarda: o Porto Seco e o Comando Nacional da UEPS – Unidade de Emergência Proteção e Socorro da Guarda Nacional Republicana. O Porto Seco poderá ser a mais importante infraestrutura logística do interior do país e o primeiro verdadeiro reconhecimento da centralidade da Guarda. O Comando da UEPS vai instalar-se já, na antiga escola C+S de S. Miguel, e será a mais importante instalação militar depois do encerramento do RI12 (e pela primeira vez haverá na Guarda uma unidade comandada por um general) – serão 250 militares e famílias, que irão mudar a cidade cultural, social e economicamente. Afinal, não sei se foi o menino Jesus ou o Pai Natal… mas há motivos para celebrar. Acreditemos.
2. Num país a vários ritmos, o turismo é o principal motor da economia e contribui para mais de 15% do PIB nacional – os turistas andam por todo o lado, na Beira Interior um pouco menos, e menos ainda na Guarda, onde não se veem. O património ou a natureza são os principais argumentos para atrair turistas na região, mas também os eventos são essenciais para atrair forasteiros e contribuir para a dinamização económica.
A “Guarda, Cidade Natal” foi um evento lançado por Álvaro Amaro de forma apoteótica que nos últimos anos passou a ter menos brilho (tempo da pandemia). Este ano, a Guarda volta a cintilar com a intensidade da cidade Natal – a melhor iluminação de sempre. Por uma opção que nunca cheguei a perceber, ao longo de quase dez anos do evento, a “Guarda, Cidade Natal” encerra no dia 26 de dezembro. Ou seja, os visitantes que podem visitar a cidade nos dias seguintes vão deparar-se com a mudança de cenário para a passagem de ano na Praça Velha. Um erro estratégico incompreensível. A “Guarda, Cidade Natal” deve ser mantida até ao dia de Reis (o investimento está feito) e o “réveillon” deve ser feito noutro local (se possível próximo) contribuindo para uma grande animação de todo o centro da cidade.

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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