Fazer tudo por ti

Escrito por Diogo Cabrita

“Há um padrão discursivo a que a população que adora regras, certificações e recomendações, nunca falha, e vai-nos impondo câmaras de vídeo, trazendo tecnologia em substituição de comportamentos e obviamente atenção e foco.”

«Os ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), que traduzido para português poderá ser algo como Sistemas Avançados de Assistência à Condução são uma consequência do General Safety Regulation 2, que é recomendado pelos burocratas escritores. É já uma realidade no segmento automóvel, mas a partir de julho o REV será obrigatório. Falar em REV é falar em detetor de marcha-atrás que irá permitir detetar e alertar para pessoas e objetos atrás do veículo.
Este sistema é auxiliado com a câmara traseira, que permite que o condutor visualize a área traseira do carro, facilitando a condução em marcha atrás».
O discurso dos legisladores incorpora as palavras segurança, importante, imprescindível e moderno e desse modo vai sobre nós com novas diretivas e imposições. Há um padrão discursivo a que a população que adora regras, certificações e recomendações, nunca falha, e vai-nos impondo câmaras de vídeo, trazendo tecnologia em substituição de comportamentos e obviamente atenção e foco. Não tens de pensar porque fazem tudo por ti. Os crentes deste padrão adoram os pilares da sustentação vigiada, da redução do erro humano e a infalibilidade das rotinas e listas de verificação. Abrem-se de espanto quando o resultado não demonstra as suas certezas, que apresentam sempre como verdades.
A aviação tem-se revelado o ofício-montra desta filosofia e desse modo vamos incorporando seus hábitos na saúde, na educação, na construção. O único lugar onde não há reforma é a justiça, que julga tudo isto com mente humana.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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