O sem-vergonha do Pêro Vaz escreveu que as índias de Vera Cruz traziam «suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma».
O que envergonha é a sem-vergonha de fingir ter vergonha, mas ser desavergonhado.
Tenho vergonha do deputado a quem disseram que devia ter vergonha de dizer “vergonha” no Parlamento. É uma vergonha ainda haver deputados que usem palavras.
Quem com Ferro cala, com Ventura se envergonha.
O pai de D. Afonso Henriques veio de Borgonha, que vergonha.
Tenho vergonha de viver a fazer ronha.
Haja vergonha de quem tanto sonha.
Quem nunca tem vergonha é a malta da Alemonha.
A cegonha, no bico esconde a vergonha.
A vergonha pode ser alheia, mas também pode ser farinheia.
É tão vergonhosa a empregada como a patroa é desavergonhada.
“Posso pôr o hashtag #vergonha?”, “Ora essa, ponha.”
Não gosto de mostrar a fronha porque tenho vergonha.
Não me cai bem a palavra vergonha, porque é mais leve do que uma pena. É pena. Mas é uma vergonha.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia