A renúncia de Diana Monteiro ao cargo de vereadora da Câmara Municipal da Guarda tem profundos significados políticos para concelho e para a comunidade dos cidadãos guardenses.
O primeiro é, desde logo, a dignidade que a vereadora eleita pelo movimento liderado por Sérgio Costa exibiu na hora de bater com a porta. Tendo demonstrado que deixou de acreditar no presidente da Câmara e no seu projeto, afastou-se com elevação e recato. Não será, seguramente, por falta de razões de queixa…
O segundo – e o mais relevante – foi o sobressalto cívico que a sua saída provocou. Os cidadãos da Guarda e os partidos políticos assumiram que têm o município entregue a quem não tem qualidades políticas para tal. Deixando de lado as avaliações pessoais, que não são próprias do debate político, o facto é que Sérgio Costa se revelou como o mais impreparado, o mais populista e o mais incompetente presidente da Câmara que a Guarda já teve na sua história.
Tem muita razão António Monteirinho, do PS, quando fala a propósito da saída de Diana Monteiro na «descoordenação total das contas da autarquia» e na incapacidade do presidente para liderar de forma civilizada e eficiente os serviços camarários. Mas a melhor síntese do atual estado da Câmara Municipal foi escrita pelo líder da JSD da Guarda, Francisco Robalo: «Não tem rumo, estratégia de longo prazo ou influência regional e nacional para captar investimentos e fixar pessoas. Com este executivo o nosso concelho está, politicamente, à deriva».
Esta é a altura da desgraça que pode servir de ponto de partida. Uma comunidade eleger um líder populista e sem estatura para o cargo não é o fim do mundo, nem um mal irremediável: aconteceu o mesmo com Trump nos Estados Unidos, com Bolsonaro no Brasil ou com o partido da Lei e Justiça (PiS) na Polónia. Em qualquer dos casos, os partidos democráticos reorganizaram-se, estabeleceram novos patamares de diálogo com a comunidade, livraram-se desses políticos malsões e partirem para novos ciclos de desenvolvimento económico, social e cultural.
É o que a Guarda, os seus partidos e os seus cidadãos, têm de fazer. E a reação causada pela renúncia de Diana Monteiro indica que já começaram a fazer esse trabalho que lhes compete.
Todos os partidos, mas sobretudo o PSD e o PS, têm de ser cada vez mais rigorosos, profissionais e competentes a denunciar os desmandos de Sérgio Costa, a ausência de visão que o carateriza e o vácuo que é a sua ação política. Têm de construir alternativas bem estruturadas para o removerem nas próximas eleições.
* Presidente do Conselho Distrital da SEDES Guarda