Portugal vai assistindo incrédulo ao desenrolar da Operação Influencer, que já ditou a demissão do primeiro-ministro (PM) e o anúncio de dissolução da Assembleia da República (AR). As crises políticas são como as marés, vão e vêm. Mas essa oscilação não se aplica às instituições democráticas, que se encontram profundamente desacreditadas.
Estando os astros alinhados para que o PSD possa regressar ao poder, outra coisa não seria de esperar que um partido galvanizado em torno do seu líder. Contudo, não é isso que se vê. As recentes sondagens confirmam a falta de entusiasmo gerada por Luís Montenegro, a quem a grande maioria dos portugueses não reconhece competências para exercer o cargo de PM.
As atenções direcionam-se, por isso, para a eleição do novo secretário-geral do Partido Socialista. Com dois candidatos fortes na corrida, Pedro Nuno Santos (PNS) é quem está melhor preparado para exercer o cargo de PM e o que melhor poderá servir os interesses do país. A sua visão para Portugal representa o capítulo de futuro e de esperança de que a nossa história coletiva necessita. Com efeito, tudo indica que será ele a suceder a António Costa à frente dos destinos do PS e de Portugal.
Se o PS vencer as próximas eleições legislativas sem maioria será necessário estabelecer acordos com outras forças partidárias representadas na AR. Neste momento, nenhum outro político no ativo tem tantas provas dadas no diálogo interpartidário como PNS. Até 2015, os socialistas, para viabilizarem governos sem uma maioria parlamentar, recorriam sempre aos partidos à sua direita. Em 2015, o PS derrubou barreiras e passou a dispor da possibilidade de governar também com o apoio dos partidos à sua esquerda.
PNS foi um dos obreiros dessa nova opção de governação e o principal responsável pela sua estabilidade ao longo de quatro anos. Um feito notável, alcançado não através de um tratado de teoria política, mas sim pela conjugação de um elevado sentido de estado e de um trabalho diário enquanto Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
É disso mesmo que Portugal precisa neste momento: sentido de Estado, diálogo interpartidário, estabilidade, visão e dedicação de quem nos governa. Só assim será possível superar a crise política, devolver credibilidade e prestígio às instituições democráticas e abrir as portas a um futuro promissor para todos.
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