Começo, esta semana, por fazer uma declaração de interesses que o leitor achará surpreendente, principalmente porque, sendo pessoa inteligente, não costuma ler o que se escreve nesta coluna. Embora o leitor não tenha como saber, não aprecio António Costa, não aprecio Rui Rio. Também não aprecio comunistas e marxistas variados, neoliberais progressistas, pós-corporativistas e outros fachos.
Tendo em conta que não tenciono votar em nenhum dos partidos que se babam por um bloco central ou em nenhum político que tem a tentação de usar a pandemia para criar um Estado cada vez mais securitário, sinto-me órfão de partido. Pelo contrário, a comunicação social sabe bem a quem rezar o Pai Nosso e a quem melhor a bênção.
Na semana passada, Rui Rio deixou oponentes internos fora da lista de deputados. Foi uma onda de indignação por causa da “purga” aos adversários. Já António Costa deixou críticos fora da lista de deputados. Neste caso, não houve indignação porque é o adversário que é uma pulga. Toda uma nuance de diferenças que justifica a indignação selectiva dos jornalistas.
Ainda por cima, os jornalistas são ingratos com o presidente do PSD. Se dependesse de Rio, os profissionais da comunicação social teriam de procurar outro emprego, com certeza com salários mais altos e menos precariedade laboral. Em vez de estarem a fazer perguntas idiotas que maçam muito o líder social-democrata, essas pessoas podiam perfeitamente estar a inserir dados numa central qualquer. Ganhavam elas mais e chateava-se menos o Rio.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia