Responsabilizar

Escrito por Diogo Cabrita

“Um líder não tem culpas se proteger os seus mecanismos de decisão com vários documentos, e partilhar ou desintegrar a gestão para diluir a sua assinatura.”

A sociedade está refém de uma máquina de construir desresponsabilização. Um líder não tem culpas se proteger os seus mecanismos de decisão com vários documentos, e partilhar ou desintegrar a gestão para diluir a sua assinatura.
Esta ideia é uma construção europeia que nos leva a fatiar empresas, a subcontratar tarefas, a aumentar funcionários de modo indireto e a projetar chefias que não lideram. Irresponsabilizar para inimputar ou acautelar o lugar de comando, transformando-o num passeio sem dificuldades. Servem-se as medidas por reunião de decisão e operam-se estratégias recomendadas em linhas normativas que frequentemente chegam da Europa. Fugimos das decisões para evitar os dedos acusadores da imprensa e das televisões. Uma decisão menos clara, ou uma azarada filmagem em telemóvel, comportam a exposição pública do tribunal inquisidor das opiniões ignaras, incultas e desproporcionadas das redes sociais e do lixo jornalístico que vive das audiências e não da seriedade e da informação. A máquina que desresponsabiliza também distribui emprego aos membros dos partidos, aos filhos, primos e amigos dos chefes. É também esta necessidade de normativas que ajuda a estar confortável no comando, mas tolhe a eficiência. Imaginem um treinador de futebol que reúne aos 25 minutos com vários colaboradores para decidir a substituição e no entretanto há alguém que se lesiona. Nova reunião. Pede as estatísticas e decide pela normativa. Estou convicto que aos 90 minutos perdeu o jogo. Esta é a realidade de muitos assuntos nos dias de hoje.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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