Com o Holocausto em pano de fundo, a ONU decidiu votar a divisão da Palestina em dois estados: Judaico e Palestiniano, sendo Jerusalém considerada cidade internacional. Neste plano de partilha, David Ben-Gurion fundou, em novembro de 1947, o Estado de Israel.
1967, apenas em seis dias, o território judaico passou dos 20.700 km2 acordados para mais de 74.000 km2, anexando territórios da Cisjordânia, Egipto, Síria, Jerusalém ocidental e a pequena faixa de Gaza, pátria da Palestina, com apenas 40 km de comprido por pouco mais de 10 km de largura.
74 anos depois Israel tornou-se um dos países mais avançados do mundo em várias áreas como armamento, tecnologia, comunicações, transportes, saúde, desporto. Esta política expansionista, sistematicamente condenada por inúmeras resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, fez com que fossem devolvidos territórios e estabelecidos alguns acordos com o Egipto no tempo do presidente Nasser.
Em 1981 estive em Israel e em (quase) permanente recolher obrigatório (que nem sempre cumpri), testemunhei em Tiberíades todas as movimentações militares a partir de toda a zona do mar da Galileia, naquilo que foi a confirmação da ocupação dos montes Golã à Síria.
O processo bíblico da Arca da Aliança, a destruição do Templo, a expulsão dos judeus, a história de Cristo, os Ossanas, Mazeltoves e Shaloms são interessantes, mas são história.
Jerusalém, com uma população maioritariamente palestiniana na cidade velha, é hoje o grande foco de desentendimento. Trump reconheceu-a como capital de Israel e o imperialismo capitalista, agora chefiado por Biden, segue os mesmos passos, percebendo que o primeiro-ministro judeu é hoje um homem acusado pela justiça, tem dificuldade em manter-se no cargo, aproveitando esta situação, que calculisticamente criou, para sujar as mãos de sangue, matando indiscriminadamente um sem número de palestinianos, arrasando os maus da fita, o Hamas, (como se o exercito israelita fosse diferente), garantindo apenas e tão só, a sua sobrevivência política. Netanyahu agarrou este pretexto, sem grande importância, o despejo num processo imobiliário de algumas famílias do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém, para desencadear a invasão à mesquita de Al Aqsa no último dia do Ramadão e, na sua fúria incontida, manda a artilharia destruir edifícios de organismos internacionais e da imprensa.
O conflito está lá. Permanentemente. É uma longa história, com ciclos sucessivos de violência, bastando uma pequena chispa para aquecer ânimos e, com a conivência da comunidade internacional, mais dia, menos dia, poder desencadear um conflito de grande dimensão. Quem não se lembra da história das duas guerras mundiais.
O Médio Oriente é um assunto que a todos diz respeito. Para tanto basta ver a posição responsável do secretário-geral da ONU e contracena com a postura abstencionista, digna de um tal Pilatos, da atual presidência da União Europeia.
Pois bem, esta ferida continua e continuará a gerar ódios, atravessa gerações, não tem solução à vista, não é com o cessar-fogo decretado que o problema se resolve, mas sim com um grande reconhecimento de identidade e aprendizagem e posterior aceitação das ambas as partes, tudo isto com sério empenhamento e acompanhamento da comunidade internacional, a fim de ser aberto o caminho da paz entre judeus e árabes. Percebe-se a dificuldade, embora a esperança seja a última a morrer.
É esta a solução que a todos diz respeito, infelizmente está a ser ignorada, sistematicamente chutada para canto pelos grandes e poderosos do planeta. Desconfia-se qual a razão. Também em pleno Médio Oriente há razões que a razão desconhece e já agora, também por lá, tal qual como por cá é sempre a mesma coisa: quem paga as favas é o mexilhão…
Cessar-fogo
«Pois bem, esta ferida continua e continuará a gerar ódios, atravessa gerações, não tem solução à vista, não é com o cessar-fogo decretado que o problema se resolve, mas sim com um grande reconhecimento de identidade e aprendizagem e posterior aceitação das ambas as partes»