Centro Histórico da Guarda, um diamante por lapidar

“A Guarda vai mesmo receber o Comando da UEPS da GNR, que deverá ser instalada na C+S de São Miguel (depois de obras de adaptação que deverão ser feitas brevemente).”

1. A reabilitação do Centro Histórico da Guarda é um desiderato dos guardenses, uma promessa adiada e uma obrigação estratégica que demora a ser concretizada – a requalificação da “zona velha”, São Vicente, aparece, sempre, em todos os programas das candidaturas às eleições autárquicas, mas depois é sempre esquecida, por quem ganha e governa, mas também pelas oposições que raramente voltam a insistir no assunto na Assembleia Municipal.
Como tantas vezes defendi aqui (https://ointerior.pt/opiniao/dar-vida-ao-centro-historico/), no final do século passado, e em especial durante as comemorações dos 800 anos do Foral da cidade, houve alguns sinais, ideias e projetos para recuperar o Centro Histórico da Guarda, porém, foi sempre de forma pontual e sem uma estratégia global – não basta requalificar o pavimento ou reabilitar algumas casas, é necessário haver um programa global que vise a reabilitação e dar vida a São Vicente.
O investimento público no Centro Histórico da Guarda, com a aquisição de casas, que devem ser reabilitadas, para instalar residências de estudantes (que fazem muita falta à cidade), para albergar residências artísticas, para instalar oficinas de arte e cultura (devia ser ali instalado o SIAC durante todo o ano), para ceder a jovens e a associações, para recuperar o projeto da instalação do Centro de Interpretação da Judiaria Medieval, para dar vida a São Vicente. Por isso, o anúncio da aquisição do edifício do antigo Teatro Egitaniense pela autarquia foi uma excelente notícia. Depois a autarquia adquiriu uma casa no Passo do Biu. E agora, vai fazer duas aquisições (de oito prédios urbanos e mais dois) que poderá ser um excelente prenúncio para uma política mais ambiciosa. Com o atraso de anos, a Câmara da Guarda está a iniciar um processo essencial para recuperar São Vicente.
2. Depois da polémica por o município da Guarda ter assinado o segundo financiamento mais baixo do programa de apoio a projetos de habitação a custos acessíveis da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, cujo protocolo foi assinado no final de janeiro entre a CIMBSE e o IHRU, a autarquia anunciou agora que vai candidatar um pacote de 40 milhões de investimento com 356 fogos. Uma excelente notícia, que poderá permitir recuperar o tempo perdido e promover a redução de um problema estrutural da cidade, a falta de habitação.
E pretende constituir uma empresa municipal para a gestão de habitação, que comporta obviamente alguns riscos, mas sem a qual dificilmente haverá capacidade por parte da autarquia para gerir as diferentes implicações de uma boa política habitacional.
3. A decisão de encerramento de uma escola é sempre uma opção errada, porque uma escola é sempre um local de conhecimento e de saber, e é sempre um local de vida. Mas fechar a C+S de S. Miguel, na Guarda, é uma decisão acertada, pois é uma escola (“pré-fabricada”)que foi instalada para 20 anos (entretanto passaram mais 20); uma construção provisória de má qualidade, sem isolamento, fria e com más condições; subaproveitada (134 alunos)… e que a autarquia vai encerrar.
A Guarda vai mesmo receber o Comando da UEPS da GNR, por decisão do Governo – que até 30 de setembro vai continuar provisoriamente em Coimbra – e que deverá ser instalada na C+S de São Miguel (depois de obras de adaptação que deverão ser feitas brevemente).

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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