Politicamente só existe o que se sabe que existe – disse Oliveira Salazar. O homem de Santa Comba mal sabia que um dia, no cantinho tão bem cantado por Camões, a política iria assemelhar-se ao mercantilismo colbertista de uma economia de mercado que, na sua exigência do “laissez-faire, laissez-passer”, vai criando uma quantidade de idiotas, muitos deles sem perfil para a coisa. Governam-se, arredondam a pança, criam episódios esquisitos, alguns sem pés nem cabeça e, pensam que desta forma distraem o mais comum dos mortais.
O que ultimamente se passa na política caseira é mau, muito mau, tem de ter óbvias consequências, isto é, se a politiquice analítica de Belém e as operações aritméticas das sondagens determinem ser o máximo denominador e o cálculo privilegiado para todas as decisões com a única finalidade de ser utilizado o potencial nuclear.
Sim, o governo legítimo do país e a maioria que o sustenta não têm juízo e brincam sistematicamente com o fogo. O período de estado de graça foi-se, o benefício da dúvida também, a maioria está mais que visto e sabido que não chega a 2026 e, numa análise rápida ao laranjal, a alternativa que nos propõem é ziguezagueante, não tem a clarividência necessária, não assenta num programa bem delineado que determine de forma inequívoca o que querem, ao que vêm, que linhas vão pisar e se existe (ou não) vontade para alinhar nos propósitos racistas, xenófobos, homofóbicos e ordinários do escarro que a democracia deixou parir e, já agora, se vão seguir os passos daquilo que engendraram nos Açores. Só depois se poderá dizer se o habitante do palácio pink deve utilizar a tal bomba atómica tendo ainda em conta que Montenegro continua a ser o melhor seguro de vida de Costa. É este, sem dúvida (quer se goste ou não), o verdadeiro busílis da questão.
A brincadeira de inúmeras conjugações estúpidas faz com que muitos políticos, da direita à esquerda, transformem a política caseira em palhaçada pois não têm coragem de embarcarem no “putain du camion” de Coluche a fim de virarem a palhaçada em coisa séria. A democracia ensina-nos que o nobre acto de governar e fazer política tem de ter sempre em conta a felicidade do povo.
Os cacos e os caquinhos vão-se colando, pese embora se utilize uma (in)consistente cola do mais barato que há na loja chinesa, fazendo com que os cacos provenientes dos casos se transformem em mais uns quantos casinhos originando outros tantos caquinhos que um dia destes se tornam impossíveis de colar.
Diz o povo e bem: tantas vezes vai o cântaro à fonte até que um dia lá fica a asa e, já agora, caminhar rumo a Damasco não significa que se escolha o celebre caminho que nos devia trazer abundância e felicidade. Na espuma dos dias e na corriqueirice em que se caiu jamais a estrada da Beira se possa ou deva confundir com a beira da estrada. Infelizmente está a acontecer.
Eça, tinha razão. O pensamento no nosso país morre burguesmente e insipidamente, embora ainda exista o tal cantinho de boa vontade com a finalidade de assistir às últimas agonias do pensamento em Portugal, mesmo percebendo que, neste tempo a inteligência (política) é cada vez mais artificial, confundindo-se de forma deliberada oportuno com oportunismo. Modernices… dizem alguns. Coisas que a mim não me entram, com toda a certeza, pelos olhos dentro. Ainda bem que estamos atentos, despertos e permanentemente interessados e a tal sociedade civil, e até a militar, está cada vez mais exigente. Já não era sem tempo.
Casos, cacos, casinhos, caquinhos… casa em fanicos
“O que ultimamente se passa na política caseira é mau, muito mau, tem de ter óbvias consequências, isto é, se a politiquice analítica de Belém e as operações aritméticas das sondagens determinem ser o máximo denominador e o cálculo privilegiado para todas as decisões com a única finalidade de ser utilizado o potencial nuclear.”