Um comentador de um outro jornal escreveu uma crónica que pegou fogo no mundo das redes sociais portuguesas. É verdade que é um mundo com um rastilho mais curto do que, por exemplo, o rastilho do filho da Putina.
As pessoas visadas reagiram dizendo que o senhor devia ser proibido de escrever em jornais. É óbvio que, discordando totalmente da opinião do senhor – já lá chego –, discordo igualmente deste movimento para cancelar o cronista. Se escrever crónicas parvas com opiniões imbecis fosse motivo para acabar com espaços de comentário, há anos que o Observatório de Ornitorrincos já teria sido extinto. Pensando bem, além dessa vantagem para o leitor, haveria uma vitória para os ambientalistas, que seria o “Público” e o “Expresso” terem muito menos páginas.
A forma de combater as opiniões de que não gostamos não é silenciá-las, é dizer “eh pá, ó shô Alexandre, respeito, sim senhor, uma carreira longa no jornalismo, mas vocemessê não percebe nada de gajas, pois não?” É assim, não é com censuras.
O que é que o cronista não entende?
Primeiro, que não se diz a uma mulher – tanto faz ser a mulher com quem se está casado como outra qualquer – que parece gorda. Nunca. Mesmo que pareça. Ou esteja. Até os nutricionistas sabem isso, homem.
Segundo, que a única coisa que impede muita gente (este cronista incluído) de ver a Maria Botelho Moniz todas as manhã não é o tamanho dela, mas a companhia do Cláudio Ramos.
Terceiro, que se fosse realmente como diz o outro cronista, quatro quintos de história da arte de toda a humanidade iam para o caixote do lixo. “Estas meninas do Rubens têm de ter cuidado com a celulite, ou arriscam-se a não voltar a aparecer numa pintura”.
Por fim, o que importa numa apresentadora de televisão não é a sua silhueta, é o que ela diz e como trata os convidados. Infelizmente, isso é muito difícil de saber porque onde esteja o Cláudio Ramos, mais ninguém consegue falar.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia