No recente webinar Conferências da Estrela “Territórios do interior; desafios e oportunidades”, organizado pela Associação Geopark Estrela, o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) colocou à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, quatro desafios importantes. Para Joaquim Brigas – que também preside a este Geopark Mundial classificado pela UNESCO – há três eixos fundamentais para estruturar o desenvolvimento inclusivo e sustentado de um território que é partilhado por nove municípios: Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia.
O primeiro desses eixos passa pela instalação de um Porto Seco na Guarda, uma infraestrutura logística que permitirá às empresas desta região interior importar e exportar mercadorias sem ter de as despachar ou levantar nos portos marítimos do litoral. Isso aumentará a competitividade dos seus bens e serviços no mercado global.
Joaquim Brigas exigiu também a aplicação do PROVERE – Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos nos territórios do Geopark Estrela. E, de forma geral, apelou à discriminação positiva dos territórios do interior na atribuição de verbas europeias.
Trata-se de uma visão muito lúcida do que a região – e os seus atores políticos, económicos e sociais – devem reivindicar ao poder central. E é significativo que quem a formulou tenha sido não um político eleito, mas o líder do IPG, a grande instituição de ensino superior do distrito da Guarda.
Esta nova forma de encarar o papel das instituições que produzem e transmitem conhecimento é, aliás, assumida pela próprio Joaquim Brigas: «Toda a orientação estratégica do IPG está hoje colocada ao serviço da qualificação da população desta região e ao desenvolvimento económico deste território».
Esta visão lúcida manifestou-se também na proposta de Joaquim Brigas para eleger o Prof. Carvalho Rodrigues presidente do Conselho Geral do Instituto Politécnico da Guarda. Tão inspirada foi a proposta que, nos 33 membros que compõem o Conselho Geral (17 professores, cinco alunos, um funcionário e dez personalidades externas), foi apoiada sem qualquer voz dissonante, sem qualquer candidatura alternativa e votada de forma esmagadora.
Como os que leram o meu texto de janeiro último sabem, entendo que a Guarda estava a desaproveitar o valor que Prof. Carvalho Rodrigues tem para lhe dar. Esta sua eleição valoriza o IPG, beneficia a Guarda – e faz justiça a um guardense ilustre!
* Dirigente sindical