A neuroestética

Escrito por António Costa

“As descobertas recentes na área da neurociência e o aparecimento de novas tecnologias que permitem esquadrinhar a atividade cerebral em tempo real obrigam a uma reformulação das teorias, tanto no domínio da ciência como no domínio da arte.”

As descobertas recentes na área da neurociência e o aparecimento de novas tecnologias que permitem esquadrinhar a atividade cerebral em tempo real obrigam a uma reformulação das teorias, tanto no domínio da ciência como no domínio da arte.
Da revolução assim produzida nasceu uma nova disciplina que pretende unir as neurociências e a arte: a neuroestética, que reflete sobre as relações entre as atividades artísticas, a consciência e a organização cerebral. A neuroestética como disciplina nasce aproximadamente na década de 80 do século XX e pretende estabelecer os substratos biológicos e neurobiológicos das experiências estéticas. Podemos encontrar um significado biológico para a arte, para além das suas implicações simbólicas? Pode qualquer imagem ser considerada arte? Por que nos causa prazer a arte? Sentimos realmente uma necessidade física de produzir arte? De ver arte? São perguntas formuladas pela neuroestética. E para tentar resolvê-las, utiliza técnicas neurofisiológicas e de neuroimagem: ressonância magnética funcional, magnetoencefalografia, entre outras que permitem visualizar a atividade cerebral quando se realiza determinada tarefa. No caso da neuroestética, estudou-se, por exemplo, qual era o padrão de ativação cerebral ao contemplarmos algo que consideramos belo ou feio.
O termo “neuroestética” foi utilizado pela primeira vez em 1999, quando Semir Zeki propôs que se desenvolvesse um domínio do saber centrado nas bases biológicas da experiência estética. No seu livro “Inner Vision: An Exploration of Art and the Brain” (1999), o professor Semir Zeki desenvolve a tese de que «os artistas são neurologistas que estudam a organização da parte visual do cérebro com técnicas que lhes são únicas, e a sua obra, quando analisada cientificamente, revela determinadas leis da organização cerebral que os cientistas tinham ignorado até agora». A proposta de Zeki consistia em partir do conhecimento da estrutura e do funcionamento do cérebro e deduzir como devem participar as diversas regiões do cérebro nas tarefas relacionadas com a criação e a apreciação de objetos artísticos e estéticos.

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António Costa

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