A UNESCO declarou património mundial dois novos monumentos portugueses. E nenhum deles foi a majestosa Mão da rotunda do Rio Diz ou o Cudo de Rubik da rotunda do Alvendre. Ou adquirem um VAR, a bem da transparência, ou esta corrupção descarada continuará! Já bastava um D. Sancho encavacado por ter que pagar tão grande sardinhada em plena Praça Velha, num dia que não foi de flores, mas de bolo de Loriga, negro. Um doce que amargou bem.
Apadrinhados pelo regressado Sílvio Berlusconi, torna-se premente organizar um concurso que venha equiparar o edifício polifónico aos jardins suspensos de Babilónia ou a rotunda do Bairro da Luz ao Colosso de Rodes e reponha a justiça na palavra de todos aqueles que por estes dias apregoam este grande dito português “ele rouba, alegadamente, mas faz”!
Na Praça Velha, a magia acontece todos os dias. Será dos únicos locais do mundo onde, se tentar utilizar a popular aplicação Faceapp, a funcionalidade de envelhecimento dará erro, tal a quantidade de cirurgias plásticas e botox que a deixou ao estilo Lili Caneças, em que se desconfia que ainda tenha sinais vitais. A mamoplastia gigante em forma e letras da cidade é agora a grande aposta em Portugal. Por aqui a Câmara irá adquirir os imóveis devolutos e transformar-se num agente imobiliário com direito a pódio de comercial do mês e uma placa que diz “Centro histórico menos atrativo do país”.
O Hotel Turismo lidera a categoria de “seria uma grande Reabilitação”. Porque ao estilo do touro de Coruche, a realidade encarregou-se de ferir este velho cavalo de batalha e meter um chifre em cada um dos forcados amadores do PS e PSD. Se no início todos se apressaram para fazer os testes de paternidade da criança, agora que ela teima em não sair da proveta, para assumir o aborto, vão ser mais casmurros que o Júlio Iglésias.
Digitalmente, a categoria “era para ser a sério, mas não há dinheiro” também se afigura como sério candidato ao prémio. Passadiços do Mondego; Variante dos 5efes, Quarteirão das Artes, Centro tecnológico da Indústria Automóvel… São apenas alguns dos projetos que os guardenses poderão visitar e usufruir no conforto das suas casas, virtualmente. Sem o incómodo das moscas do Vale do Mondego, do cheiro do fumo dos escapes, da ausência de lugares de estacionamento no centro da cidade… Estamos a apenas um João Félix de concretizar tudo isto e pagar a dívida das águas!
Na categoria “requalificação da boa”, a Guarda segue apenas o exemplo de grandes capitais europeias, como Berlim, que também deitou por terra um muro muito maior sem qualquer contestação popular! A própria Ângela Merkel, madrinha do projeto, tremeu de emoção. Porque demolir o muro do Largo João de Almeida/ Misericórdia vai lembrar a todos os romanos que podiam hoje ter um anfiteatro moderno com bancos e luzes, ao invés de um coliseu velho e decrépito.
“Vai tudo abaixo”. Temos alguns trunfos neste domínio. Se o valor estético pode passar à frente dos direitos de propriedade e do cidadão à espera da renovação de Cartão de Cidadão, o prédio Coutinho pode muito bem ser batido pelo Prolar, ou, principalmente pelos mamarrachos imperfeitos e ferro e vidro em frente à muralha, só por acaso, monumento nacional!
Se existe categoria onde lideramos com classe mundial é a da reciclagem. Não conheço um zelo demonstrado com tanto fervor, que passe pela cooperação interinstitucional na partilha de recursos, como neste caso. Documentos destruídos para fabricar puzzles para uns e confettis e serpentinas para o Carnaval de 2020, para os restantes. A dedicação é tanta, que até parece uma ode para a abertura da terceira temporada da “Casa de Papel” ao som do clássico “Mãe Querida”. Nesta categoria os adversários serão, no mínimo, triturados!
Já de stick na mão, também somos campeões do mundo e mostramos créditos. Com ou sem ele, temos festival de vandalismo contemporâneo todos os fins de semana. Se o padre em cuecas de Pedrogão Grande se soubesse esconder tão bem quanto estes artistas, ainda hoje andaria de ogiva incendiária a evangelizar esses imensos eucaliptais!
A cerimónia realizar-se-á nas comemorações da Cimeira luso-espanhola na cidade, terá como prémio umas peças de arte das Caldas, trocadas com a unidade de saúde, e fará parte do festival de cultura popular “NOS ALIVE, MAS POUCO”.